O que cabe no meu poema?
O afeto fétido da América Latina?
A angústia do mundo?
As estradas de minha infância?
O trigo e o joio?
As curvas do teu corpo?
A ventania de todos os dias?
As espadas que se irmanam?
a rebeldia das sílabas?
A lágrima dos mortos?
As pálpebras de Cecília Meireles?
Os meus cabelos quase todos brancos?
Os óculos de Drummond?
O terno branco de José Alcides Pinto?
A última estrela da manhã?...
Meu poema tudo suporta,
Tudo lhe é cabível.
Até o que não imaginas....
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