encostaste
as virilhas no meu cotovelo esquerdo
enquanto
passavas por mim no corredor do ônibus
virilhas
quentes tu tens
virilhas
sob o jeans azul
virilhas
ardentes ficaram na minha memória
avolumando
os meus pecados. (29\11\23)
encostaste
as virilhas no meu cotovelo esquerdo
enquanto
passavas por mim no corredor do ônibus
virilhas
quentes tu tens
virilhas
sob o jeans azul
virilhas
ardentes ficaram na minha memória
avolumando
os meus pecados. (29\11\23)
transeuntes
calçadas
andanças
olhares
indiferença
cidade sob
o sol
presépio
todo dia
sob o céu
no tempo
que passa
no
presépio permanente
na urbe
que não ver. (30\11\23)
eu canto
para me consolar
meu grito
é um protesto
meu poema
é a minha forma de fazer justiça
eu canto
eu grito
e ao parir
meus poemas pela cidade
vou-me
completo
sendo
negro com os negros
e pobre
com os pobres
para que
minha cantiga os anime
e o meu
grito não os deixe dormir
por muito
tempo. (07\12\23)
Não fico indiferente ao teu cruzar de pernas
Coxa sobre
coxa
Perna
sobre perna
O que eu
poderia ver entre as tuas pernas?
Tudo tu
ocultas nessa tua pose
Mas o meu
olhar penetra nas trevas
De um
túnel inexistente e acredita ver algo
Que se
deixa mostrar apenas aos poetas. (20\10\23)
Jesus Cristo está na beira das calçadas
Jesus
Cristo está tatuado nas costas dos excluídos
Jesus
Cristo está nu da cintura para cima
Transeuntes
indo e vindo
O tempo
passando
Veículos
velozes e furiosos?
O semáforo
sangra sob o céu
Carros em
fila paralisados
Jesus
caminha entre eles com as mãos estendidas
Finda o
percurso sem nada nas palmas. (27\010\23)
Eu quero as memórias das putas tristes
Quero
deitá-las num poema
Quero
lê-las num livro
Eu quero
as memórias das putas tristes
Doendo em
mim enquanto as vejo em fotos diletas
Putas
nunca as tive nem as terei
Mas hoje
eu as desejo nas páginas amareladas do Gabo. (01\11)
Teu corpo branco nu
Teus cabelos loiros sobre os teus seios
Teu umbigo cheio de ar sob o céu
Teu púbis loiro ofuscando o sol
Meus olhos correndo pela tua nudez
Que se imagina solitária nessa ilha
Que eu inventei só para ti. (20\09\22)
Senhora poesia
vi
tua bunda sob o jeans que coisa linda de se ver
quase
fiquei cego de tanto vê-la
cantei
para sua bunda
segui-a
dançando pela rua
dobrei
a esquina para que não me visses
tão
contente por causa da tua bunda. (02\10\23)
iracema
iracema
tu dormes
nua no meu poema
depois de
teres me coberto
depois que
eu te cobri
iracema
iracema
eras a
virgem dos lábios de mel
dos verdes
mares da minha terra
iracema
iracema
agora tu
tens a flor deflorada
mas tu
domes feliz comigo
no teu
sonhar.
na fila
a fala
o stress
o silêncio
na fila
uma linha
reta
uma linha
curva
que se
desenha no piso do mercantil
na fila
tantos pés
pernas
diversas
até se
inquietam
mas não
andam.
tu vens com os teus micróbios sorrindo para mim
ficamos
próximos
minha boca
na tua
nossos
micróbios se unem ou se devoram
neste instante
do beijo
tudo é tão
gostoso sob o céu
mas tu te
vais e o que me resta são memórias e salivas sobre os lábios.
o corpo
a faca
Dentro do tempo veloz
Eu estou
Dentro do tempo veloz
Envelheço
Dentro do tempo veloz
Pedras não ficam sob pedras
Dentro do tempo veloz
Tudo passa, pois nada é para sempre
Dentro do tempo veloz
Uns vivem, outros morrem
Dentro do tempo veloz
Lágrimas e sorrisos
Dentro do tempo veloz
Eu e tu
Tu e eu
Horas em silêncio
Horas aos gritos
Aprendendo e desaprendendo
Trilhando os caminhos da infância
Que não alcança a criança que fomos.
Ao terminar um poema respiro
Como se
findasse uma meditação
Olho a
minha volta e ainda estou aqui
Sentindo
tantas coisas entre os mortais
Vendo o
que ninguém ver
com
palavras novas para ouvidos
que não
querem ouvir.
Se me encontrares no meio do mundo
Não me
reconheça
Se me encontrares
no meio do mundo
Siga seu
caminho e não olhe para trás
Se me
encontrares no meio do mundo
Não me
destine acenos
Se me
encontres no meio do mundo
Não me
olhe nos olhos
Se me
encontres no meio mundo
Duvide do
que julga ver
Se me
encontrares no meio do mundo
Seremos
silêncios passando com o tempo.
Numa total
invisibilidade.
vendo-lhe
mulher feita
recordei
quando tu eras uma menina
e num
abraço eu te erguia do chão
tua mãe
não gostava disso
mas tu
gostavas
quando me
vias corrias para mim
para
ficares nas alturas
nos meus braços.
sonhei que eu pedalava numa longa estrada
uma carrada de bucetas passou por mim
sem um cu por baixo
isso tem nexo?tua bunda é uma fortuna
vejo-a sob o jeans nesta manhã
tua voz é uma delícia desejando-me bom dia
tua bunda desejo-a desnuda
vê-la nua é melhor que queijo.