terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Vaticinando





vai
pelo
cano
vaticano
cânon
cães
negros
cardeais
em
seus
pontos
perseguem
papeiros
cheios
de
papas
até
alcançarem
a
papada
do
papa. (13/11/15)


Esperando a condução





era noite na capital do Ceará
trânsito intenso
luzes bem acesas
parecia dia
eu esperava o ônibus
e tu beijavas outra mulher
fiquei a olhar-te
não viste a mim nem os transeuntes
porque beijavas  para não dizer adeus
quando  voltei a mim  estavas ao meu lado
aguardando a condução. (17/11/15)


Em 4 atos







o
rei
lia
o
rei
Liar
a
rainha
dormia
com
um
brinquedinho
introduzido
nas
suas
vergonhas
a
princesa
ocultava
atrás
a
fala
o
falo
do
desconhecido
que
ela
encontrou
no
jardim
do
palácio
cai
o
dia
e
o
rei
dorme
com
o
rei
Liar
sobre
ele. (23/11/15)


Por um triz







hoje eu me sinto um rei Lear
tenho o desprezo do meu sangue e da minha carne
estou só nesta noite
inimigos tentam me encontrar
poucos me destinam suas bondades
por isso ainda vivo
lá fora o vento está enfurecido
disponho de um canto modesto para dormir
que me venham os bons sonhos
quando o cansaço me deixar dormir.(01/12/15)


domingo, 1 de novembro de 2015

Ainda há






no meio do caminho
no meio do mês
penso  no poeta itabirano
que não deixa exausta
as minhas retinas
que não esquecem
que ainda há no meio do caminho
uma pedra num silêncio que grita
gerando poesia. (06/08/15)


Visão






olho a porta aberta
o sol se estica pelas ruas
dourando nossos caminhos
que não ocultam os nossos rastros
nem a memória das nossas andanças. (11/08/15)








Budi mi blizu





Para Mia Dimšić

Estás perto de mim
Apesar das tuas distâncias
Estás perto de mim
Nos versos da tua canção
Estás perto de mim
Quando olho teus retratos
Estás perto de mim
Nas memórias que teço de ti
Estás perto de mim
E nem precisas me ter por perto
Estás perto de mim
Porque meu desejo perdura
No tempo que passa
Estás perto de mim
Até que finde o que eu sinto por ti. (15/10/15)

Nuca branca





nuca
nunca
sorrir
exibe
caminhos
que
findam
no
caminhador
ou
não
nuca
nunca
é
o
bastante
diz
o
olhar
faminto
do
poeta
a
nuca
branca
que
não
lhe
sai
da
memória. (29/10/15)

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

por enquanto






Enquanto vão rindo de mim
vou dizendo aos ventos que és minha
minha,minha,bela croata
para que tu saibas nas tuas distâncias
não precisas vir de lá para cá
nem amar-me tanto
quero apenas que saibas
pela voz do vento que me é dileto
e sempre o destino aos teus ouvidos.(23/09/15)




Passagem





a lua se avermelhando no infinito
o tempo cá fora nem espera
vai passando
minha mão na tua
nossos olhos lá longe
nem alcançam tanto céu
tantas distâncias
o tempo cá fora
vai passando
e os mortais bípedes falantes
deixam seus fonemas no ar
enquanto buscam suas casas
movidos pelo sono
crendo que tudo ficou nas suas memórias.(28/09/15)












É de enlouquecer






Francisca, já deitei tua bunda nos meus versos
Tua bunda fez frei Serapião perder a cabeça
Até um poeta lunático desejou cavalgar nela
E eu ontem acordei molhadinho
Esqueci de consertar meu telhado
Mas tua bunda Francisca é de enlouquecer. (25/09/15)




Ao que és








Ès um poema que me sorrir
Nas minhas noites insones
Ès um poema que me sorrir
Nas tuas distâncias
Ès um poema que me sorrir
Quando me percebes
Ès um poema que me sorrir
Quando me destinas tua fala
Ès um poema que me sorrir
Porque tudo em ti è poesia
Buscando palavras
Revelando linguagens
Encontrando versos
Que escorrem pelo teu corpo
Que se desnuda aos meus olhos.(27/09/15)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mar,berço da dor









o mar revela
vela
a criança emborcada
ensaiando seu caminhar
para terras desconhecidas
como se viva estivesse
nos braços do sono
o mar revela
vela
a morte
viva na criança
que não sonha mais. (04/09/15)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Retratando







Para
Ângela Calou

vejo-te calada
olhando a paisagem
pela janela de uma casa
onde o tempo passou
parece que tudo calou em ti
enquanto olhas
enquanto sentes
enquanto escutas
o que não quer voz
entre os mortais. (04/08/15)



A rosa







A rosa de plástico
Não morre entre os mortais
Circula pela casa vazia
Sem cheiro
Sem memórias
Sem vida
Entregue às vadiações do vento
Que não lhe dá sossego. (17/08/15)



Herança da pedra II






Um caminho
Um poeta
Um acontecimento
Uma pedra inesquecível
Nas minhas retinas fatigadas. (17/08/15)




Nas tuas distâncias II
















Para Mia Dimšić

Minha croata olha distâncias
No infinito do mar
O vento brinca no teu rosto
Alguma indagação visita tua alma?
O teu olhar não o vejo
Quem o ver é o mar
Que se aquieta para contemplar
A beleza que tu revelas.(01/09/15)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Aparição





Cadê ela?
Cadê a cadela?
Qual o nome dela?
Que aparição foi aquela
No evento que não era pra ela?
Em silêncio chegou
Em silêncio partiu
Por onde entrou saiu
Levando consigo todos os aplausos
E a cena que a ela não se destinava. (01/08/15)


sábado, 1 de agosto de 2015

No caminho









No meio do caminho tinha uma moto
E um casal se horizontando sobre ela
Não havia outra passagem
E agora José?
Indaguei olhando pro lado
José sorriu e me disse:
-Calma agente fica aqui olhando
O amor se esticando nesses corpos
Até o sol expulsar eles daqui. (8/01/13)




Agora





















Vejo-te nas molduras amareladas pelo tempo
Vejo lembranças presas aos retratos
Sei onde estás
Não sei se lembras de mim
Não sei se guardaste os retratos que te dei
Não sei se fiquei em suas memórias
Só sei que agora andando pela casa repleta de fotos
Chorei e senti saudades. (15/10/12)




Apenas teu
























Beijo-lhe o pulso
Levo nos lábios as batidas do seu coração
Que me indaga a quem pertenço
Respondo que sou teu
Só teu
Apenas teu. (11/10/12)


sexta-feira, 31 de julho de 2015

Dildos







Brinquedos fálicos vibram pendurados
Na rede elétrica de Portland
O vento balança-os
Transeuntes olha- os
O sol ilumina-os
Sob o céu azul americano
Que nem se indaga
Apenas contempla das suas alturas
A fartura de pênis de borracha
Apontando para todos os lados. (17/07/15)




Nada oculta







Por trás do poste
O pôster
Meio rosto
Meio olhar
Uma mulher nua
Exibe as costas
Por trás do poste
Que nada oculta
Nem os seus cabelos. (19/07/15)

Poema eurochestries






Para 
Mia da Orquestra da Croácia


Minha voz ficou nos teus ouvidos
Entendeste-me
Tua fala ficou no ar
Buscando uma tradução
Que ainda não tenho
Nem a terei
Mas teu olhar
Caindo nos meus olhos
Tua canção cantando em mim
Minha língua na tua língua
Unificam países. (20/07/15)

Fortaleza





Fortaleza, volto a ti
Para sentir o teu vento
No rosto e nos cabelos
Fortaleza, volto a ti
Para ver as tuas mulheres
Indo e vindo
Pelas tuas ruas
Fortaleza, volto a ti
Para não sossegar
Pois já não sou tão moço
E o que tu tens
Eu quero olhar. (31/07/15)


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Derriço






Os prédios ficam de pé
Fincados na terra
Firmes rumo ao infinito
Dias e noites
Não me espantaria vê-los cansados
Deitados, dormindo a sonhar
Não me espantaria ouvir suas vozes
Suplicando aos arquitetos um espaço
Para seus espaços. (19/06/15)




Seu sinal




















O sinal que tu tens na coxa
Enfeita tua pele
Se agiganta quando tu andas
Para que eu o veja
E fique lutando com palavras
Que tu nem vais lê-las
Impressas no jornal. (18/03/15)








Finitude















Fios sob o céu
Fios sobre a terra
Sobre os homens
E suas sombras
Fios metáfora dos varais
Que dançam com os ventos
Sob o céu
Sobre os homens
E suas sombras
Fios caem nos caminhos
Fazendo-os escuros
A morte aparece
Sob o céu
Sobre os homens
E suas sombras
Que não se livram
Da finitude. (27/06/14)


Porque meu bem faz aninhos






















Porque meu bem faz aninhos
Os braços se erguem
As mãos batem suas palmas
Ritmando canções
Que as vozes espalham
Pelos cômodos da casa
Porque meu bem faz aninhos
Fico feliz
Ofereço-lhe palavras
Meus ditos de afetos e amizade
Porque meu bem faz aninhos
Penso no que passou
Penso no que ficou entre nós
Nos sustentando  entre os mortais
Fecho os olhos, rezo por nós
No silêncio que tenho agora
Porque meu bem faz aninhos. (25/06/14)


O verso que se repete é de Carlos Drummond de Andrade

Não me pertence mais


 



Vejo uma mulher correndo
No caminho que saltou dos meus olhos
Não sei o que a faz correr
Não sei se eu me salvei dela
Ou se ela se salvou de mim
Só sei que ela se distancia de mim
Alegro-me vendo-a ir por um caminho
Que não me pertence mais. (15/06/14)


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Musa dos olhos verdes





















Vem musa dos olhos verdes
Espalhar-se nos olhos meus
Vem musa dos olhos verdes
Consolar-me nesta tarde
Vem musa dos olhos verdes
Aquietar-me no teu corpo
Vem musa dos olhos verdes
Inventar-me para novos dias
Vem musa dos olhos verdes
Dizer-me novos dizeres
Vem musa dos olhos verdes
Cobrir-me com palavras sedentas
Vem musa dos olhos verdes
Adormecer-me junto aos poemas
Que são só teus.(23/03/15)

Ao que ocultas





















Um raio de sol abre um caminho
Entre os seios que ocultas
O que se ver é o caminho feito
E a poesia indo e vindo
Na vermelhidão da tua pele. (20/03/15)

Olhos negros
























dois olhos negros
dois olhos ausentes
dois olhos que partiram
sem me avisar
dois olhos negros
na memória
na saudade
que persiste em mim. (04/05/15)



Nem percebes





tuas nádegas
tua garupa
meus olhos saltam nela
e tu te vais
nem percebes
que me vou nas tuas ancas
cavalgando,cavalgando,cavalgando. (15/05/15)


Por acaso


























uma flor vermelha
se impõe no asfalto
nos fala em seu silêncio
indaga nas nossas falas
alcança nossas memórias
tece histórias nos nossos sentimentos
acumula em nós sofreres
ficamos pesados
com passos lentos
sem compaixão. (22/05/15)




domingo, 3 de maio de 2015

Sua espera






A linha férrea se estica sob o céu azul
Seu olhar segue distâncias
Sem acompanha-las
Sua espera se inquieta
Seus pés ensaiam andanças
Pois sozinha estás
E a noite já vem. (03/05/15)



sexta-feira, 1 de maio de 2015

Espera
























Ana
Mira
Anda
Mas não vem
Ana
Mira a dor
Anda
Para alcançar minha espera
Para me ver com roupas novas
E barba feita
Fica a espera
Ana
Mira
Anda
Mas não vem... (12/09/13)

Prece do homem do século XXI




















Que não nos falte o pão nosso de cada dia
Que não nos falte a justiça justa
Que não nos falte a solidariedade
Que não nos falte o abraço sincero
Que não nos falte um ombro amigo
Que não nos falte os encantamentos
Que não nos falte a poesia das coisas implícitas
E explícitas
Que não nos falte desejos e vontade de continuar
Entre os mortais
Que não nos falte a conformação e a inconformação
Tudo na medida certa
Como se fosse uma receita em harmonia
Com os ingredientes
Como se fosse uma oração
Necessária aos viventes
Na divina comédia do viver... (19/07/13)

Cumplicidade





Ponho em suas mãos os “mimos do vento”
Ponho em suas mãos meu poema mais recente
Ponho em suas mãos as letras secretas dos meus versos
Ponho em suas mãos o ritmo do meu coração
Ponho em suas mãos a canção solitária que me segue
Pelos caminhos dos meus ancestrais
Ponho em suas mãos meu livro dileto
Ponho em suas mãos meu olhar desejoso
Ponho em suas mãos minha sina
Ponho em suas mãos as profecias que se cumpriram em mim
Ponho em suas mãos o canto do galo
Que nos quer tecendo as manhãs dos nossos dias
Nos melhores tecidos dos nossos desejos... (13/05/13)

Sábado




















Mais um sábado
Mais uma cerveja
Mais um copo
Na mesma mesa
Do mesmo bar.
O tempo passa
A mulher que eu desejo passa
Só não passa essa solidão
Que se avoluma em mim... (04/05/13)

Para Audifax Rios




















Pararam de contar os teus dias
Nem sabias
O tempo que tinhas acabou
Nem sabias
Estavas com os teus
Na tua aldeia
Tudo se irmanando
Era tua chegada
Incontáveis chegadas
Mas a indesejável das gentes
Seguiu teus rastros
Pois desejava calar tua voz
No sono que trazia nas mãos
Para que nada adiasse
A tua partida. (26/04/15)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O caminho






















A galinha tece seu caminho

Olha-o

Edificou distâncias

Seus rastros revelam

Linhas retas e curvas

A galinha para seu caminhar

Para ver idas e voltas

Partidas e chegadas

De quem nunca parte.(03/04/15)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Dança






















Sob as sombras
Sob o chapéu
A bailarina se aquieta
Recordando a dança
Que persiste em ficar
No seu corpo. (24/03/15)


Para Herberto Helder







A morte ceifou-te
Para que existisses para mim
E ficasses na minha memória
Fazendo saudades
Como se fôssemos velhos conhecidos. (25/03/15)



Clamor





















Acorda Alice
Não se alongue nesse seu sonho
Eu estou a clamar por ti
Destine seus ouvidos a minha voz
Largue esse sono pesado
Vem comigo
O mundo real nos espera
Onde a leveza das coisas
Nem sempre é um fato. (12/02/15)

Poema de algumas faces






Amanda
manda
quem tem juízo
obedece
quem não o tem
ai Deus
como padece
Ai Deus
vasto mundo
que rima
sem nos dar soluções
Amanda
em outros contextos
apenas ama
anda
desanda
mas não manda
Ai Deus
vasto mundo
vasta Amanda
vastas contradições 
que invadem meus olhos
tornando minhas pálpebras pesadas
no breve tempo que disponho
para ser apenas um mortal. (30/10/14)



domingo, 1 de março de 2015

Rotina






O papel
a brancura
o silêncio
o poeta
diante
do papel
que não se escurece
com as sombras
das letras
concluindo versos
para a poesia
tão esperada
o papel
o poeta
o tempo passando
entre rascunhos
quietos na lixeira
o poeta
o fim do dia
finda-se a busca
e a espera
vence o sono. (26/02/14)

Herança da pedra











Para Denis Melo

No meio do caminho tinha um morcego
O poeta não o viu no  caminho escuro
Pisou-o com sua sandália franciscana
Foi-se mordido na companhia da dor
Para o hospital
Madrugou por lá
Sem o consolo das ninfas. (01/03/15)

Cativado







Quando me abres esse sorriso
Nada mais me importa
Tudo fica lindo
A cena é só sua
Entrego-me aos seus domínios
E a luz do seu olhar. (02/08/12)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

O anel






O anel que tu me deste não era de couro
Se quebrou
Se fosse tua rodela
Ainda lá estaria
clamando por mim. (24/02/15)