quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Na existência


que tempos são esses?
tudo se parte
tudo se divide
há uma ausência em tudo
tudo falta
nada se aproxima
e as distâncias se avolumam
no caos da existência. 


No meu caminho


não era um rato
não era um gato
nem um bicho
era um homem curvado
buscando utilidades no lixo
olhei-o enquanto caminhava rumo a labuta
pesou-me a tristeza
joguei indagações para o céu
esgotei toda a metafísica que havia em mim
Deus continuou em silêncio
se Ele falou algo
não o escutei no barulho da cidade. 


Discurso do vento natalino



a cidade cheia de luzes chama o natal
o menino jesus vem mas não tem uma pedra
para o repouso da cabeça
são tantas vozes nos templos nem escutam o menino
a pedir comida, um lugar para adormecer
nos lares uma fartura, tantas alegrias
que não consolam o menino solitário
andarilho da cidade grande
filho de Deus
de Maria e José.