quinta-feira, 8 de maio de 2014

Versos para Nilto Maciel















Tinhas uma partida
E um retorno
Tinhas reencontros
Tinhas novas solidões
Tinhas desejos
Tinhas a morte à leste
Tinhas o quintal dos dias
E o tempo que sempre passa
Tinhas a palavra diante de ti
Tinhas sonhos florescendo na alma
Mas veio o peso do sono
E o silêncio que não tinhas
Para findar sua jornada
De guerreiro de Monte-Mor. (07/05/14)


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Cumplicidade


 

Ponho em suas mãos os “mimos do vento”
Ponho em suas mãos meu poema mais recente
Ponho em suas mãos as letras secretas dos meus versos
Ponho em suas mãos o ritmo do meu coração
Ponho em suas mãos a canção solitária que me segue
Pelos caminhos dos meus ancestrais
Ponho em suas mãos meu livro dileto
Ponho em suas mãos meu olhar desejoso
Ponho em suas mãos minha sina
Ponho em suas mãos as profecias que se cumpriram em mim
Ponho em suas mãos o canto do galo
Que nos quer tecendo as manhãs dos nossos dias
Nos melhores tecidos dos nossos desejos... (13/05/13)


Eu













Eu sou o homem que não foi embora
Eu sou o homem que desejou ir
Eu sou o homem que descansou os olhos
Na mulher do próximo
Eu sou o homem que perdeu o leme
E ficou só no cais vendo o tempo
Que não se cansa de passar
Eu sou o homem que saiu sozinho do cais
Exausto das andanças do tempo
Eu sou o homem de cabelos pintados
Desconhecido aos olhos da morte
Eu sou o homem que morrerá um dia
Eu sou o homem que não diz eu te amo
Eu sou o homem que diz eu te amo em suas ações
Eu sou o homem que bebe mais não fuma
Eu sou o homem macunaímico
Que não se encontra em nenhuma ficção
Eu sou o homem que ainda existe? (06/03/13)

Cordial




Eu quero um busto com minhas feições
Em qualquer praça da minha cidade
Eu quero vê-lo todos os dias
Eu quero dormir junto a ele
Farei medo aos pássaros
Para que eles não caguem sobre minha cabeça
E a minha face petrificada sorrirá
Aos transeuntes indiferentes a minha existência. (10/03/13)

Reza(dor)














Para Chico Mota in memoriam

Mote

A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
Viva a rainha
Viva a galinha
E morra tu frieira.

A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
viva a rainha
viva a galinha
E morra tu frieira
Galinha na mesa
Rainha na cama
Viva a rainha
Viva a galinha
Viva os pés sem frieiras
Viva a alegria da meninada
Que vai se curando
Sem perceber que não sei rezar (02/10/12)