sexta-feira, 5 de junho de 2009
Para José Alcides Pinto
Poeta José Alcides,
conterrâneo da ribeira,
que rima incêndio com morte,
mulher com bunda e traseira
daqui vai o meu abraço,
ao escritor de primeira,
bom no verso,bom na prosa
na arquitetura altaneira;
que de Santana,do Estreito,
lança a palavra ligeira,
fecunda como a semente
que cai do Rio na beira;
das praias do Acaraú,
(do Reino, a outra fronteira),
uma corrente nos liga,
literatura é a esteira,
é a rede, o chão, o mormaço,
a cantoria, a certeira
pontaria do jagunço,
a paz da espreguiçadeira,
o cafuné, a novena,
a lamparina, a leseira
da sesta à tarde,o grasnar
da insidiosa,agoureira
coruja rasga-mortalha
que pousa na cumeeira;
poeta José Alcides,
descendente , como eu,
do padre Antônio Thomaz,
que morreu mas não morreu,
continue produzindo
a palavra saborosa,
tão necessária à existência
como é o feijão e a rosa,
porque, iguais a você,
nesta terra desditosa,
bem poucos foram ou serão
bons no verso,bons na prosa.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Um apanhado de José
Poeta, nós estamos em paz
não temos pressa, o tempo pode escorrer
entre os nossos dedos
que venha o sol, a chuva,o vento
que venha a mulher de preto
que venha a luz que jorra do sexo de Camila
que venha a noite
que venha a solidão
que venha os versos de Rimbaud
que venha o relicário pornô
continuaremos em paz...(14/08/96,primeiro encontro com o poeta)
Inocêncio de melo Filho
terça-feira, 2 de junho de 2009
Dileto
Para José Alcides Pinto
O poeta chupa dropes
Enquanto aquieta os seus demônios
Na orla das vestes
Abandona o drops e fala ao vento
Palavras furiosas com cheiro de hortelã
O tempo se mostra com seu orifício cínico
O poeta transborda-o de mijo
E se vai com as feições de Lúcifer.
O poeta e o capibaribe
Alcides, velho poeta de guerra,
Hoje percorri as margens do velho Capibaribe,
Nesta cidade do Recife, por onde as águas afortunam
E idiomas aquáticos praticam namoros e saudades...
Vi o rio em suas águas turvas e pensei em ti,
Que um dia percorreu estes caminhos saborosos,
Avistou suas margens,
A torre das igrejas, as várias pontes, o vai e vem dos barcos suaves
E o trânsito das pessoas...
Pensei em ti, poeta, e minhas lágrimas afogaram-se no Capibaribe...
Pensei em ti e o rio foi o espelho do passado,
Onde convergiu a tua imagem ás páginas do livro que lia...
Alcides, sabemos que a poesia
Tem sido para nós o pão de cada dia, a misturar-se com pedras lapidadas,
Suor e lágrimas,
Páginas viradas entre consolos e alegrias,
O pó do caminho, a viragem da janela mais alta...
Alcides lembrei-me de ti ao lado do Capibaribe,
Vendo as águas calmas, socorrendo para longe
A fluidez de minhas palavras,
O abandono de minha saudade...
Alcides, velho poeta de guerra,
O mesmo rio que te embalou a vida – o velho Acaraú de tua terra,
Sobeja no Capirabaribe, também o sinto, como um pedaço daquelas águas,
Uma passagem de tristeza e de saudade...
Never more
Para José Alcides pinto
Nunca mais nos diremos palavras belas
Nunca mais teceremos elogios mútuos
Nunca mais tomaremos chá entre livros
E palavras
Nunca mais caminharei ao seu lado
Nunca mais me lerás Rimbaud
Nunca mais deixarei de ser saudoso
E os meus olhos terão sempre lágrimas
Por companhia.
Eternamente
Dentro de mim
Não a publicarei
Guardá-la-ei no sacrário
Das minhas memórias
Para que a saudade de ti
Seja eterna