Uma angústia com cheiro de ausência
Caiu sobre mim.
Estendi as mãos,
Minhas palmas só sentiram a rebeldia dos ventos...
Uma angústia com cheiro de ausência
Caiu sobre mim.
Estendi as mãos,
Minhas palmas só sentiram a rebeldia dos ventos...
Que não caia na noite insone
A estrela que estou a contemplar.
Que me venham as melhores sensações.
Revestidas de palavras raras.
Para que o meu poema se faça
Com boas feições
E se imponha aos homens...
O que cabe no meu poema?
O afeto fétido da América Latina?
A angústia do mundo?
As estradas de minha infância?
O trigo e o joio?
As curvas do teu corpo?
A ventania de todos os dias?
As espadas que se irmanam?
a rebeldia das sílabas?
A lágrima dos mortos?
As pálpebras de Cecília Meireles?
Os meus cabelos quase todos brancos?
Os óculos de Drummond?
O terno branco de José Alcides Pinto?
A última estrela da manhã?...
Meu poema tudo suporta,
Tudo lhe é cabível.
Até o que não imaginas....
Que a poesia seja concebida com pecados,
Com palavras, atos, vozes e imagens...
Em memória de mim
Em memória de ti
Em memória de nós...
Goethe e o "Mal do Século"
Dormem entre tijolos
Do muro da História.
Outros males nos azucrinam a alma
Nessa nova Era.
A morte persegue-me todas as noites
Tenho medo
Busco minhas mãos nos bolsos
Encontro-as medrosas,
Oculto-as no âmago de velhos poemas....
Hei de renascer das minhas próprias cinzas.
Quando eu estiver refeito
Olharei-me íntegro, sólido
Terei o tempo nas minhas mãos
E tudo o que meu coração desejar...
Da minha janela
Contemplo a rua e a noite tímida.
O vento invade minhas narinas
Com o cheiro do teu sexo.
Sento-me na cadeira de balanço,
Abro-me às lembranças.
A janela aberta
Não impede que nada passe por ela.
Abro os olhos e percebo
Que mundo jaz no meu quarto.
Eu sobrevivo entre os abutres
Não sei como
Mas subsisto.
Contemplo meus mortais diletos.
Destino-lhe beijos ,acenos
e sigo minha sina
Beba coca-cola e sonhe em new york
beba coca-cola e babe
beba coca-cola e acredite que a nação do tio Sam
é besta, pura e casta
beba coca-cola e arrote suas onomatopéias fétidas
beba coca-cola e sinta um novo sangue correndo
em suas veias
beba coca – cola e boceje civilização
beba coca-cola bípede transitório
o dia está terminando
tu terminas também
e este líquido
idem
o vasilhame ficará por aí
submisso as ações do tempo
sem as memórias da tua boca
e das tuas mãos(29/10/2009)
beleza está morta.
Tzara falou aos ventos.
Os amantes da beleza que contemplem Gioconda
Nas sucatas que hão de perambular por aí.
Se a beleza está morta, bem morta,
O que nos resta?
Morrer de tédio?
Ter a visão idealizadora dos Românticos?
O que dirão os poetas?
O tempo que vai e vem, envelhecendo os mortais,
Estabelece uma nova ordem:
Cantar,
Brincar,
Debochar,
Fomentar o caos...