sexta-feira, 31 de julho de 2015

Dildos







Brinquedos fálicos vibram pendurados
Na rede elétrica de Portland
O vento balança-os
Transeuntes olha- os
O sol ilumina-os
Sob o céu azul americano
Que nem se indaga
Apenas contempla das suas alturas
A fartura de pênis de borracha
Apontando para todos os lados. (17/07/15)




Nada oculta







Por trás do poste
O pôster
Meio rosto
Meio olhar
Uma mulher nua
Exibe as costas
Por trás do poste
Que nada oculta
Nem os seus cabelos. (19/07/15)

Poema eurochestries






Para 
Mia da Orquestra da Croácia


Minha voz ficou nos teus ouvidos
Entendeste-me
Tua fala ficou no ar
Buscando uma tradução
Que ainda não tenho
Nem a terei
Mas teu olhar
Caindo nos meus olhos
Tua canção cantando em mim
Minha língua na tua língua
Unificam países. (20/07/15)

Fortaleza





Fortaleza, volto a ti
Para sentir o teu vento
No rosto e nos cabelos
Fortaleza, volto a ti
Para ver as tuas mulheres
Indo e vindo
Pelas tuas ruas
Fortaleza, volto a ti
Para não sossegar
Pois já não sou tão moço
E o que tu tens
Eu quero olhar. (31/07/15)


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Derriço






Os prédios ficam de pé
Fincados na terra
Firmes rumo ao infinito
Dias e noites
Não me espantaria vê-los cansados
Deitados, dormindo a sonhar
Não me espantaria ouvir suas vozes
Suplicando aos arquitetos um espaço
Para seus espaços. (19/06/15)




Seu sinal




















O sinal que tu tens na coxa
Enfeita tua pele
Se agiganta quando tu andas
Para que eu o veja
E fique lutando com palavras
Que tu nem vais lê-las
Impressas no jornal. (18/03/15)








Finitude















Fios sob o céu
Fios sobre a terra
Sobre os homens
E suas sombras
Fios metáfora dos varais
Que dançam com os ventos
Sob o céu
Sobre os homens
E suas sombras
Fios caem nos caminhos
Fazendo-os escuros
A morte aparece
Sob o céu
Sobre os homens
E suas sombras
Que não se livram
Da finitude. (27/06/14)


Porque meu bem faz aninhos






















Porque meu bem faz aninhos
Os braços se erguem
As mãos batem suas palmas
Ritmando canções
Que as vozes espalham
Pelos cômodos da casa
Porque meu bem faz aninhos
Fico feliz
Ofereço-lhe palavras
Meus ditos de afetos e amizade
Porque meu bem faz aninhos
Penso no que passou
Penso no que ficou entre nós
Nos sustentando  entre os mortais
Fecho os olhos, rezo por nós
No silêncio que tenho agora
Porque meu bem faz aninhos. (25/06/14)


O verso que se repete é de Carlos Drummond de Andrade

Não me pertence mais


 



Vejo uma mulher correndo
No caminho que saltou dos meus olhos
Não sei o que a faz correr
Não sei se eu me salvei dela
Ou se ela se salvou de mim
Só sei que ela se distancia de mim
Alegro-me vendo-a ir por um caminho
Que não me pertence mais. (15/06/14)