quarta-feira, 1 de março de 2017

Na minha voz



e o silêncio de uma lápide que ninguém  lê
guardo- o na memória
apossei-me dele
vou ao seu encontro todo ano
afago-o com os dedos
deito-o na minha voz
que o lança no  ar do campo-santo
há outros silêncios por lá
preces,lágrimas,saudades no ar
minha voz da lápide
aquieta-se sem vez. (22/12/16)

O verso inicial é de Mario Quintana




Eterna condenação




O tribunal absolve
O réu sente-se livre
Comemora-se a vitória
Abraços intensos são distribuídos
O juiz coleciona justiças feitas
E o advogado causas ganhas
A consciência do individuo chora
Por não escapar da eterna condenação. (14/01/16)




Ainda por lembrar





Bela croata sei que estás bem nas tuas distâncias
Não tens mais tempo para olhar o mar
Tanto mar
Tão infinito
Tão azul
Recordo o vento brincando na aba do teu chapéu
Tua pele branca vermelha
Tanto sol
Tanta saudade em mim
Vejo-a persistindo
Tanto esquecimento em ti
Vejo-o no silêncio que me destinas
Oro aos ventos
Deito os olhos no mar
Para que morras em mim
E eu diga aqui jaz minha ilusão. (20/01/17)


Dizeres do frade





Se já está morto. Se já não dorme.
Por onde anda o teu sono?
O grande sono quem o levou?
Se já está morto. Se já não dorme.
Insone ficarás entre nós fingindo existir.
Ocupando lugar no espaço como se matéria fosse.
Se já está morto.Se não dorme.
Levante-te e te vais lívido,
Porque aqui não te querem mais... (25/01/17)


O verso que se repete é João Cabral de Melo Neto




Aviso











É proibido fumar
Está escrito no poste
Poste chamativo
Transeuntes indo & vindo
O poste exposto
No espaço
No tempo
Com seu aviso
Que clama no deserto. (08/02/17)