quarta-feira, 1 de março de 2023

Neste dia



Ando pela cidade buscando o pão de cada dia
Contido na poesia que me alimenta
Olho os prédios competindo entre si nas suas alturas
Carros apressados me lambem nas ruas
Transeuntes olham para mim enquanto converso com metáforas
Que não cabem num poema
O sol impiedoso sobre mim desprovido de um chapéu
Insisto nas andanças pela urbe
Insisto na busca da poesia
Uma mulher se aproxima de mim
Sondo palavras nos seus olhos no silêncio que nos envolve
Passamos um pelo outro e nada levo dela
Para bordar no meu tecido poético deste dia. 

Nos espaços



da tua escrita ouvi a tua voz
guardei-a nos ouvidos
gritá-la-ei aos ventos?
os ventos já sabem e ouviram a tua fúria
o que direi aos ventos?
Tua escrita e tua voz ordenam-me a dizer:
“o mundo tá cagando para os poetas”
esses seres invisíveis entre os mortais
pesando no ar e ocupando os espaços do planeta.

Rememorando Mário Gomes


 sonhei que eu pedalava numa longa estrada

uma carrada de bucetas passou por mim

sem um cu por baixo

isso tem nexo?

indaguei ao vento que afagou o meu rosto

o vento me disse poeta é um sonho

é como na ficção tudo pode.