quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Por bondade


Gosto de cair nos teus olhos
Estes olhos sempre verdes
Ficam grandes quando encontram o meu olhar
É por eles eu ouço a tua voz
É por eles que eu vejo o meu caminho escuro
A qualquer hora do dia
Não vejo nada mais em ti
Só tenho olhos para os teus olhos
Sempre verdes
Que por bondade se destinam a mim
Pobre e pecador degredado filho de Eva. (20/08/18).

Poema das sonoridades



minha sola absolveu o solo
minha sola em par de velhos sapatos
nas andanças pela cidade
atrás de ti
minha sola absolveu o solo
caiu na rotina
sob os meus pés
sobre o solo
minha sola absolveu o solo
fez-se solo no solado dos meus pés.(23/10/18)


O verso que se repete é de Arnaldo Antunes











Anunciação


Na boca do anjo
No ventre de Maria
O verbo
A voz de Deus
Tecendo seu filho
Na boca de Maria
Nos ouvidos do anjo
Na convicção de Deus
O sim
A sina
A profecia
E a mulher matriarcada. (09/04/18)


O cálice



O cálice sobre a mesa
Transborda vinho tinto
Sangue meu e teu?
O cálice sobre a mesa
Olho-o entristecido
Terei que bebê-lo todos os dias
E engolir o líquido petrificando-se na garganta
Não cantarei
Não rezarei
Pois quem podia afastá-lo de mim
Não o afastou
Por isso eu sangro
E o cálice não fica vazio
Sobre a mesa.