Meu reino não é grande
Meu cetro é pequeno
Mas tu podes conduzi-lo
Pelos destinos do teu corpo
E gemer de amor
Sobre mim. (21/11/09)
Meu reino não é grande
Meu cetro é pequeno
Mas tu podes conduzi-lo
Pelos destinos do teu corpo
E gemer de amor
Sobre mim. (21/11/09)
Minha bela putana
Eu ainda sonho
As poluções me visitam intensamente
Trazendo-lhe para mim
Sem nenhum pudor
Acordo com o novo dia
Abro a janela
Tu atravessas a rua
E nem sabes que fomos amantes.(25/08/09)
O gosto do teu beijo
Sobrevive na memória dos meus lábios
O tempo passará
Não serás mais a mesma
Eu também não escaparei
Às metamorfoses da existência
Mas a lembrança do teu beijo
Permanecerá inalterada.(12/11/04)
Quero que rosas vermelhas
Durmam entre os seus seios
Quero que minha poesia
Acorde no cio
E corra no teu corpo
Feito água do rio
Quero uma rima rara
Que ela se incorpore
No meu desejo
No meu beijo
Que ela fique louca
E salte dos meus olhos
Para que eu veja seu sorriso
Sorriso de mulher guerreira. (14/04/91)
Para Preta
no templo.
No fundo de um espelho
és tão mulher
com esses cabelos soltos.
Despe essa blusa
desnudarei o resto.
Num gesto
faremos de tudo.
Depois ficaremos mudos
para o dia não vir.
Se ele vier
farei seu café. (16/05/91)
Para Telma Dourado
Juro
Juro que te vi nua
Num jardim de burguês
Juro que eras tu
Toda nua
Estátua parnasiana
Juro que foi na hora do almoço
Eu, proletário faminto
Caminhava para casa
Estavas nua
Eras tu minha musa
O encanto do jardim burguês.(30/05/91)
A lua está sobre mim
Não me pesa os ombros
Não enche meu quarto
Cabe na minha cama
Dois cálices de conhaque nos aguarda
Vem, deitar comigo
Desejo sondar suas andanças
tocar suas rochas
e perder-me nos seus enigmas.(13/08/09)
Deitei seu corpo nu
Na calçada suja de batom
Cobri-lhe com meu corpo
Todos os atos se consumaram
Ficamos exaustos
O sono veio
Nós o acolhemos debaixo da lua.(23/12/06)
Para Jamaica Pinto
Meu olhar escorre no teu corpo
Aquietou-se no teu umbigo
Para contemplar a tua calcinha bege
Que se anuncia por baixo da bermuda.(14/08/1996)
Meus cabelos ao vento
Quase todos brancos
Acenam,
Refazem gestos
Rendem-se à pressa
Da minha sombra...
Ainda é tempo de nos olharmos
Ainda é tempo de caminharmos juntos
Ainda é tempo de fazermos as mesmas pegadas
Nos mesmos caminhos
Ainda é tempo de lermos poesia
Sentados no alpendre aguardando o sol
Ainda é tempo de nos tornarmos deuses
Ainda é tempo de sermos eternos
Num tempo veloz e breve...
Deus une
O homem separa
O homem une
Deus separa?
A morte separa!
Une os seres em algum lugar?
O que eu não disse,
Que não fique por dizer.
A poeira que deixei no teu corpo
Partirá no próximo vendaval...
Os poemas que te dei
Seguirão o mesmo destino.
Bailarão no céu
Sugarão a lua
A treva absoluta
Extinguirá o que fomos....
Houve um tempo
Não existiam.
Os pássaros tinham pulsos
E sonhavam como os homens.
Os lírios do campo contemplavam os pulsos
Dos homens, dos pássaros
Que pulsavam velozes,
Desatando caminhos....
Se roubarem as flores do meu jardim
Se devorarem o rebanho do meu primogênito
Se beberem toda água do meu riacho
Se queimarem todos os meus versos
Se profanarem a terra dos meus ancestrais
Se semearem joio entre o nosso trigo
Se comerem o nosso pão
Se levarem os nossos mitos
Se levarem minha pedra de estimação
Irei ao encontro deles com a minha espada
Sedenta de sangue
E faminta de carne ...
(Publicado na revista mundo jovem em 1992)
O poema que eu não fiz
Que ninguém o faça
Que ele se refaça
Nos seios esqueléticos
Das mudanas que eu não conheci...
Que ele sangre das pedras
E se transforme em pães
Para alimentar os filhos
Os filhos que eu não fiz
Que ele grite nas capoeiras
Que ele dance ciranda
Que ele pule nas praças
Que ele fecunde os ventres
Todos os ventres sedentos
E faça com que nas madrugadas
Surjam choros inéditos
Novas crianças
O poema que eu não fiz
Que ninguém o faça
Que ele se refaça
No seu silêncio...
O rato que roeu a corda
Foi o mesmo que roeu a roupa do rei.
O que roeu o pezinho da princesa
Eu não sei
Ninguém sabe.
Todos os ratos morrerão
Por ordem do rei....
Perco-me entre palavras
E sílabas inquietas.
Quando volto a mim
Sinto-me abatido.
Tu me chamas, fecho o livro,
Nego-te os ouvidos...
Este trono de merda é só meu
Trono fétido por natureza,
Se é que tem natureza o objeto de sua constituição...
É nele que faço minhas leituras
É nele que busco palavras
É nele que busco poemas
É nele que cago e mijo.
Este trono de merda é só meu
Não o divido com ninguém
Comprei-o com meu próprio dinheiro
Finquei-o a terra usando minhas forças
Trono plebeu!
Trono fétido!
Trono verde indivisível...
Trago enigmas fatigados nas mãos
E fartos cabelos brancos na cabeça.
Minhas pálpebras estão exaustas
E o meu olhar nega-se a contemplar
Esse mundo caduco.
Este céu que nos cobre causa-me tédio.
Mas ainda há palavras em minha boca, posso feri-los
Posso jogá-las no vácuo ou aprisioná-las
Entre as unhas.
Senhores, sou inofensivo,
Verbalizar sentimentos não significa
Um ataque,
Concretiza o medo que se faz defesa.
Eu não o conhecia .
A morte fez-me conhecê-lo.
Por que não o conheci em vida?
Indago aos mortais.
Cabia a mim saber de sua existência,
afirmo ao meu ser.
Que mídia falhou em sua missão de informar?
Andei desatento e não a ouvi
gritar-me nos ouvidos?
Como pode um escritor viver 90 anos
sem que eu o perceba?
Indago,sim indago
pois sou um homem de letras
e ordeno que a angústia impere em mim.
Liberte-me da servidão que lhe dedico
Minha poesia precisa seguir seu destino,
Descobrir novos corpos, novos encantos...
O que lhe digo agora, já disse a outras musas,
Só estou reiterando gestos,palavras,sentimentos
do domínio do universo.
Deixe-me ir musa amada.
Deixo-lhe belos poemas estampados no seu leito
e nos tecidos da sua memória.
Guarde-os são seus para todo o sempre.
ponha seu melhor sorriso para esta ocasião.
preciso destinar-me.
Destinar-me é preciso.
Tu sabes disso.
Deixe-me ir musa amada,
se não me libertares a lua intercederá
Com a rigidez de um túmulo
Abatido pela ação do tempo
Sem sorriso para exibir.(25/011/06)
Guardo na boca palavras para um poema
Que não quer chegar
Se o poema não chegar
Onde despejarei as palavras ansiosas
Que me incomodam os dentes?
Quando a terra saciar-se de sua fome
Viveremos e morreremos entre cadáveres fétidos
Que servirão de solo aos pés dos errantes
O vento vadiará debaixo do céu
Carregado de memórias.(12/04/97)
Sou poeta porque tenho vários eus.
Sou poeta porque minha história
é mais bonita do que a do gauche itabirano.
Sou poeta porque tansfiguro coisas comuns
em coisas imprescindíveis.
Sou poeta porque meu destino é sísifico.
Sou poeta porque transcedo.
Sou poeta porque sempre que desejo
Vou à passárgada amar as mulheres que desejo
Sou poeta porque isso é o que sou.
Meu professor de português é um sujeito simples
E composto de decência
Ainda se conduz na sua bicicleta
Identificando objetos diretos e indiretos
Por onde passa.
Reconhece-os bem e ergue os verbos
Deixando-os escorrer nas linhas das suas mãos
Transfigurando-os em transitivos
Nos períodos que edifica nas ágeis pedaladas
Que o farão chegar,ele sempre chega
E a flor do Lácio floresce entre nós
Exalando o cheiro inicial da sintaxe
Do tempo dos mortais.
Sei que não estás aqui
és ausência
na existência transitória dos mortais.
És saudade
sentida na brevidade do tempo
deste dia.
Carrego minha cruz e minha paixão
Pelas ruas da cidade
Convicto do calvário e da morte
É a sina que me deste
Hei de cumpri-la
Que se cale a voz descrente
Que se faça a vossa vontade
Não recorrerei às profecias
Pois já sei o que me aguarda
No fim do túnel
Entre luzes e trevas. (06/07/09)
Ergo-me diante de ti
Com a rigidez de um túmulo
Abatido pela ação do tempo
Sem sorriso para exibir.(25/011/06)
Cansei-me de querer vê-la
Encontrei-a
Nada senti
Pois estava exausto
Do excesso dos desejos.(17/12/06)
Deitei seu corpo nu
Na calçada suja de batom
Cobri-lhe com meu corpo
Todos os atos se consumaram
Ficamos exaustos
O sono veio
Nós o acolhemos debaixo da lua.(23/12/06)
Deixo-lhes minha angústias
Impressas nas vossas memórias
Vou-me sabendo que estão convictos
Das vossas mediocridades
Sei que sofrem
Mas nada podem fazer por vós mesmos
Nem por ninguém.
Tudo está consumado
Que nos venha o que merecemos. (02/05/09)
Tu eras uma sereia
Quando ignoraste o meu olhar
Mas o tempo passou
Ficaste feia
E o meu olhar
A ti não mais se destinou.
Quem não te conhece que te ame
Quem não te conhece que chore por ti
Quem não te conhece que vele teu sono
Quem não te conhece que guarde tuas memórias
Quem não te conhece que afague os teus cabelos
Quem não te conhece que te diga versos
Quem não te conhece que se embriague contigo
Quem não te conhece que detenha o vento
Que torna tuas pálpebras pesadas
Quem não te conhece que se vá contigo
Quem não te conhece que te dê as mãos
Quem não te conhece que não te conheça...
Fomos feridos pelas mãos carrascas do tempo
Caminhamos entre os nossos contemporâneos
Como se as nossas chagas intraduzíveis
Estivessem ocultas.
Querem que falemos de nós.
Querem que sejamos específicos, objetivos.
Querem que mudemos a expressão dos olhos e da face.
Nos negamos às falácias e às vontades alheias.
Os nossos enigmas são nossos.
Tornaram-se bens, propriedades privadas de nossa essência
Não podemos partilhá-los com ninguém
É o que nos restou dos árduos combates...
Para Vinícius de Araújo Melo
Os ventos poderão chamar-te
e Os pastores também.
As ovelhas hão de buscar a suavidade
das suas mãos
e a luz dos teus olhos...
Caminha filho meu entre os homens
e edificas teu próprio caminho.
Canta para nós a tua canção.
Faz-nos adormecer em paz
para que amanheçamos refeitos.(12/02/99)
Morreu uma puta
alegrou muitos homens
e fez chorar muitas mulheres.
Morreu uma puta
agora jaz entre quatro velas fartas
Sete palmos de terra aguardam
Seus restos mortais.
Onde estão os homens que gemiam
ou faziam a puta gemer?
Disfarçando suas dores ao lado
das esposas contentes.
Apenas eu que não comi a puta
Estou a velá-la.
Contemplo o céu azul e suplico que chova
para que todos pensem que a puta é santa
para que as portas da igreja se abram
e acolha seu corpo antes da partida
para a morada eterna. (27/07/09)
Sei que não estás aqui
és ausência
na existência transitória dos mortais.
És saudade
sentida na brevidade do tempo
deste dia.
Mega-sena acumulada
diz o informe.
os transeuntes vão e vem lendo-o.
A fila se faz.
Alonga-se.
O sol cobre-a.
O suor escorre nas faces dos mortais
que acumulam desejos,sonhos,vontades,
promessas,nos seus corações.
Por onde te escondes?
Não a encontro nestes tempos internétcos
E orkutianos.
Que tecnologia devo usar para vê-la de novo?
Indago intensamente
Inquieto-me entre os mortais
Que nada me dizem. (25/10/07)