sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Revolto



os homens amam e comem o pão
que Deus ou o Diabo amassou
os homens vivem e morrem
em cima da terra
debaixo do céu
os homens contemplam o infinito
erguem as mãos
o tempo ágil e impaciente curva-os
fazendo-os dormir no ventre da terra
o céu límpido e passivo
fica olhar sombras e jazigos. 

Alusão à Drummond

 

não tenho armas
mas posso me revoltar
tenho mãos
farei os ventos moverem
os moinhos e a história...


círculo vicioso

 

até quando os meus olhos

terão que ver o êxito da tirania?

esta indagação morreu nos lábios

dos meus ancestrais

esta, agora ressuscita em mim

todos os meus dias

são feitos de angústia

o ontem dos meus antepassados

é o meu hoje.