sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Contemplação


Olho-me no espelho
Não sou mais sereno
Não sou mais jovem
Perdi meu olhar dileto
Minha face não oculta que tudo passou.
Um novo tempo habita meu corpo
Convicto da transitoriedade. (27/10/12)



O que me prende aqui?




Portas e janelas estão abertas
Posso fugir
Não consigo passar por elas
O que me prende aqui
Se meus pés não estão presos a este solo?
O que me prende aqui se não me queres mais?
O que me prende aqui se rasgaste os versos que te dei?
O que me prende aqui se portas e janelas me mandam ir embora?
Tento edificar outra indagação
Mas me vem a voz do vento e me silencia
Aquieto-me com meus escritos rasgados e me vou
Com o vento que não me deixa mais falar. (11/08/12)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Hora final


Acordei e o sofrer
Veio-me ferir o rosto
Fazendo me recordar que nada mudou
Fazendo-me entender que ainda estou
Entre os mortais
Transitando entre afetos e desafetos
Até que venha minha hora
Hora de virá pó
Hora de ser terra
Com a terra. (24/08/13)






Tempo,tanto tempo




Muita lida
Pouca vida
A rima se fez
Só não se fez
A solução.
Tempo, tanto tempo
Entre os mortais
Indo e vindo
Nos nossos passos
A rima não se fez
Nem a solução
Tempo, tanto tempo
Acima e abaixo de nós
Bailando sobre os jazigos
Legitimando o princípio
E o fim... (07/06/13)


Profecia



Sou poeta
E um dia serei lido nas universidades
Chamarei a atenção dos críticos
Que dirão coisas que eu não disse
Até verão coisas que eu não vi
Minha poesia em fartas brochuras
Se  equilibrará nas estantes das diversas bibliotecas
Que se avolumarão no meu país
Atraindo mãos juvenis
Sedentas do meu estro. (25/02/13)

                                                                      

Pictural




Para Mayara Pontes

Tu és uma pintura ambulante
Leio isso no seu sorriso
Olho nos seus olhos e reconheço sua beleza
Careces de uma moldura
Que bom que fosse eu
Cala-me a voz da razão
E  me deita sobre palavras
Desprovidas do sonho
Que me distanciam de ti. (20/11/12)