terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Por uma canção
Há uma canção entre nós
nos apossamos dela
nos aquietamos com nossa canção
pondo no mesmo nível as nossas dores
há uma canção entre nós
se pluraliza nos nossos ouvidos
nas nossas vozes
nas nossas memórias
para que não esqueçamos
a canção que nos une
tornando-nos iguais na dor e na alegria. (21/11/14)
Entre as tuas pernas
Entre as tuas pernas
a fala
o falo
Entre as tuas pernas
o sexo
a revelação
da fala
no falo
Entre as tuas pernas
o início
o fim
da labuta... (04/11/14)
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Lenda
Tens na face um sinal de beleza
Originado do beijo que não te dei
Dormias e o anjo que não sou eu
Beijou-te
Nem sabes
Eu sei
Por eu saber
Fiz a lenda
Que o vento espalhou pelas estradas
Dos nossos ancestrais. (07/10/13)
Ósculo
Deixei um ósculo no seu rosto
Dizendo
que eu voltaria
Ficaste
a desenhar sentimentos
Em
uma folha de papel
Que
resistia às vadiações do vento. (28/09/13)
sábado, 1 de novembro de 2014
Estás em mim
Há um Tom Jobim em mim
Quando uso meu chapéu
Quando fico saudoso das águas
Fartas águas de março
Há um Tom Jobim em mim
Quando sou por de mais brasileiro
Entre versos e canções
Há um Tom Jobim em mim
Quando sigo a música do andar
Das mulheres que passam no calçadão
Nas manhãs de todos os sábados
Há um Tom Jobim em mim
Porque eu acredito
Porque são memórias
Dos olhos que se miram em mim. (30/08/14)
Sabático
Olha a coca indo
Olha a coca vindo
São tantos movimentos
Nas mãos displicentes
O barulho se estica no ar
Olha menina a coca-cola
Escorrendo no beco
Livre do vasilhame
Que lhe aprisionava. (13/09/14)
Posições
Vertical
horizontal
reto
erecto
em
sua
linha
em
sua
posição
penetra
alcança
os
limites
da
caverna. (23/09/14)
Metáfora
A
vela
erecta
fala
falo
ardente
chama
a
chama
para
si
no
ninho
entre
pedras
metáfora
escrotal. (20/10/14)
Sua boca
É
lisa
a
boca
de
beth
ah
que
bocão!
beth
nem
alisa
a
boca
que
engole
meu
olhar
por
lhe
fazer
sorrir... (15/10/14)
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
De olhos fechados
Vou ao seu encontro de olhos fechados
Não tropeço
Não erro o caminho
Encontro - te com os olhos nos meus
Anunciando o fim da jornada. (07/08/14)
És bailarina
És bailarina do skate
danças sobre ele
quando lhe destina seus comandos
desces a rua deserta
com seus encantos
mas meu olhar se fixa
na bela musculatura
que não consegues ocultar. (08/09/14)
Sem ti
Deixe-me ir sem indagações
Byron,Byron
Deixe-me ir sem seus versos
Eles me fazem ver que as coisas
Nasceram para morrer
Tenho mania por coisas eternas
Largue-me
Saia da minha memória
Para que eu veja tudo que vive
Para que eu veja tudo que há de passar
Sem sofrer
Sem lembrar de ti. (16/09/14)
Delírio
Eu ainda a vejo
No escuro dos meus olhos
O batom que tu usas
Me diz onde estão seus lábios
Mas não me conduz a ti
Onde estás agora,menina branca?
Foste embora
E nem pensaste no meu padecer
Foste embora e nada levaste de mim
Esta convicção é o que me dói mais. (22/09/14)
Uma chama em mim
Eu sou o sujeito acionador do fogo
Eu chamo a chama que se ergue na vela
A luz da vela devora a luz dos meus olhos
O que eu vejo é a fantasia colorida
Que cai nos meus sonhos de poeta
Olho a vela para que sua luz não finde
Para que o sonho e a fantasia fiquem comigo
Porque eu sou uma vela acesa
Que teme as ações do vento. (26/09/14)
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Sua chegada
Ela chegou com seus olhos grandes
com sua pele negra
com seu sorriso largo
e se desnudou
eu estava sozinho
ela estava nua
escurecendo-me com sua cor
nesta manhã farta de claridade
em ti
no tempo
em mim
tantas indagações. (01/09/14)
No ar
bola
no
campo
ebola
no
ar
bola
é
bola
ebola
no
caminho
é
pedra
faz
tropeçar
potencializa
o
vírus. (11/08/14)
Quando vejo Frida Kahlo
Para Mayara Pontes
Quando vejo Frida Kahlo
Penso em ti
Me calo
E no silencio edifico palavras
Que se esticam em versos
Seguindo o vento
Seguindo a memória do seu
cheiro
Para te encontrar
Para que lembres que ainda
existo
E ainda sou seu poeta.
(29/04/13)
(Re)começo
Um mundo termina
Outro começa
Por isso querida
Não tenho pressa
Sei que sobreviverei
Sobreviverás também
E verás que tudo continua
No mundo que (re) começa.
(11/12/12)
Ideologia
Sofrer
Gozar
Gozar
Sofrer
Em suma
Em sumo
Dor e prazer
Prazer e dor
Pra qualquer mortal
Filho da puta
Ou filho da santa
Neste viés
Não há exclusão (28/11/12)
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Comigo
Vem com esses olhos verdes
Acompanhar os meus passos
Vem bailarina
Guardarei seus rastros nas minhas
mãos
E na minha memória
Vem menina fazer caminhos
No meu corpo
Com idas e voltas
Deixando sempre em mim
A inscrição da tua alma. (21/02/14)
Padecer
Luzia- homem padece
Sob o sol impiedoso
Da minha urbe
Transeuntes
Olhares
Não ficam na pele de Luzia
Que se desbota
Que exibe rachaduras
Que não doem em ninguém
Transeuntes
Olhares
Seguem suas rotinas
Luzia- homem que fique na praça
Enfeitando o que não se enfeita
Reiterando sua eterna luta
Com Crapiúna. (17/07/14)
Clamores
O céu sem seu azul
Grita cessar fogo
Gazes que não ocultam ferimentos
Gritam cessar fogo
Ferimentos que se estampam
Num bordado triste
Gritam cessar fogo
Homens,mulheres e crianças
Gritam cessar fogo
Em Gaza
O vento acolhe esses clamores
Leva-os pelo ar
Aos ouvidos indiferentes. (30/07/14)
terça-feira, 1 de julho de 2014
Panos ardentes
Ela vestirá o vestido
Com anáguas que não ocultarão
As mágoas que ardem entre suas pernas
Que ardem nos panos
Que não secam a flor que não deste
A terra espera por ti, oh! Mulher!
Para transformar em pó o que és
E o que sentes. (12/06/14)
Circunstancial
Júlia
é
junho
nem
te
dás
conta
a copa
o copo
o corpo
o líquido
bolas
entre
as
pernas
o prazer
rolando
no
campo
e
ninguém
terá
piedade
da
pelada. (06/06/14)
Metáfora lunar
Lu
ana
lua
cheia
minha
bolacha
fogosa
que
eu
ainda
como
na
memória
que
me
restou.
da
infância. (08/05/14)
Filha de Eva II
Ali
aqui
acolá
Alice
alicia-me
não
me
revela
o
que
eu
desejo
mas
o
que
me
revela
eu gosto
por
demais. (30/05/14)
domingo, 1 de junho de 2014
Rego III
Seu rego me aponta um caminho
Onde ele vai dar?
Apenas meu falo poderá
responder
Se for por lá
E retornar com condições
De dizer alguma coisa.
(25/04/13)
Picardia II
Quero beijar-lhe os lábios
vermelhos
Que ocultas entre as pernas
Quero escorrer no seu corpo
E me aquietar no seu umbigo
Quero me prender nos pelos
dourados
da sua vagina
Quero ver seu corpo
avermelhado
Exausto das minhas travessuras
Quero vê-la nua deitada sobre
mim
Não me deixando partir...
(08/04/13)
Conversa
Meu pai conversa com a lua
Seus olhos se fixam nela
Como se desejassem alcançá-la
Há um silêncio entre eles
Breve como uma pausa
Olho a lua
Olho meu pai
Que se volta para mim
Para me dizer que choverá de manhã
E que já tá na hora de menino ir dormir. (15/01/13)
Como se desejassem alcançá-la
Há um silêncio entre eles
Breve como uma pausa
Olho a lua
Olho meu pai
Que se volta para mim
Para me dizer que choverá de manhã
E que já tá na hora de menino ir dormir. (15/01/13)
Partida
Que chegue a hora
Que se esgote o tempo
Que se diga adeus
Sem ósculos, sem abraços
Não posso perder tempo
Preciso mesmo é partir sem
memórias
Sem desejos de voltar.
(09/12/12)
Apenas teu
Beijo-lhe o pulso
Levo nos lábios as batidas do seu coração
Que me indaga a quem pertenço
Respondo que sou teu
Só teu
Apenas teu. (11/10/12)
Agora
Vejo-te nas molduras amareladas pelo tempo
Vejo lembranças presas aos retratos
Sei onde estás
Não sei se lembras de mim
Não sei se guardaste os retratos que te dei
Não sei se fiquei em suas memórias
Só sei que agora andando pela casa repleta de fotos
Chorei e senti saudades. (15/10/12)
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Versos para Nilto Maciel
Tinhas uma partida
E um retorno
Tinhas reencontros
Tinhas novas solidões
Tinhas desejos
Tinhas a morte à leste
Tinhas o quintal dos dias
E o tempo que sempre passa
Tinhas a palavra diante de ti
Tinhas sonhos florescendo na alma
Mas veio o peso do sono
E o silêncio que não tinhas
Para findar sua jornada
De guerreiro de Monte-Mor. (07/05/14)
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Cumplicidade
Ponho em suas mãos os “mimos
do vento”
Ponho em suas mãos meu poema
mais recente
Ponho em suas mãos as letras
secretas dos meus versos
Ponho em suas mãos o ritmo do
meu coração
Ponho em suas mãos a canção
solitária que me segue
Pelos caminhos dos meus
ancestrais
Ponho em suas mãos meu livro
dileto
Ponho em suas mãos meu olhar desejoso
Ponho em suas mãos minha sina
Ponho em suas mãos as
profecias que se cumpriram em mim
Ponho em suas mãos o canto do
galo
Que nos quer tecendo as manhãs
dos nossos dias
Nos melhores tecidos dos nossos
desejos... (13/05/13)
Eu
Eu sou o homem que desejou ir
Eu sou o homem que descansou os olhos
Na mulher do próximo
Eu sou o homem que perdeu o leme
E ficou só no cais vendo o tempo
Que não se cansa de passar
Eu sou o homem que saiu sozinho do cais
Exausto das andanças do tempo
Eu sou o homem de cabelos pintados
Desconhecido aos olhos da morte
Eu sou o homem que morrerá um dia
Eu sou o homem que não diz eu te amo
Eu sou o homem que diz eu te amo em suas ações
Eu sou o homem que bebe mais não fuma
Eu sou o homem macunaímico
Que não se encontra em nenhuma ficção
Eu sou o homem que ainda existe? (06/03/13)
Cordial
Em qualquer praça da minha cidade
Eu quero vê-lo todos os dias
Eu quero dormir junto a ele
Farei medo aos pássaros
Para que eles não caguem sobre minha cabeça
E a minha face petrificada sorrirá
Aos transeuntes indiferentes a minha existência. (10/03/13)
Reza(dor)
Para Chico Mota in memoriam
Mote
A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
Viva a rainha
Viva a galinha
E morra tu frieira.
A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
viva a rainha
viva a galinha
E morra tu frieira
Galinha na mesa
Rainha na cama
Viva a rainha
Viva a galinha
Viva os pés sem frieiras
Viva a alegria da meninada
Que vai se curando
Sem perceber que não sei rezar (02/10/12)
A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
Viva a rainha
Viva a galinha
E morra tu frieira.
A galinha e a rainha nunca tiveram frieira
viva a rainha
viva a galinha
E morra tu frieira
Galinha na mesa
Rainha na cama
Viva a rainha
Viva a galinha
Viva os pés sem frieiras
Viva a alegria da meninada
Que vai se curando
Sem perceber que não sei rezar (02/10/12)
terça-feira, 1 de abril de 2014
Flor
Deixe-me regar a flor
Que tu tens entre as pernas
Deixe-me afiá-la com a língua
Outra flor que grita entre os dentes
Que grita no idioma
Que fica e come
Seu sexo. (27/01/14)
Maria
Para
Moacir C. Lopes
Maria
de cada porto
De
cada marinheiro
De
cada chegada
De
cada partida
Maria
insubmissa
Às
leis da gravidade
Resistente
ao tempo
Nos
faz pensar
Que
nada muda no seu ser
Diverso
e múltiplo
Nessa
sua sina de mulher. (21/12/13)
Ainda
Seu corpo ficou neste lençol
Nesta cama
Na minha memória
É por isso que meu olhar
Ainda escorre por essa cama
Por esse lençol
Que ocultou nossa nudez
Quando nos veio o sono...
(15/12/13)
Perfil
Para
Angelina Jolie
Quero
seu olhar
Quando
me vier o dia
Quero
seu sorriso
Nas
minhas tardes tristes
Que
me venha nas minhas noites insones
Seus
lábios carnudos
Me
percorrer o corpo
Que
sempre te deseja... (25/11/13)
Proverbial
a
água cala *
depois que fala
escorre
molha
a pedra
bate
bate
faz um furo
e
se vai
fazer
barulho
no
mar. (22/11/13)
Verso
inicial de Angela de Campos *
domingo, 2 de março de 2014
Folia
Carne vem
Carne vai
Oh! que alegria!
Quando é boa
Quando é boa
Cai na folia
Segue o cordão
Colombina que é feliz
Com Pierrô e Arlequim
Aos seus pés
Desconhece a solidão
Que alegria!
Que alegria!
Como é boa!
Como é boa! (02/03/14)
sábado, 1 de março de 2014
Truque
Para Camila Bibia
Eu quero esse seu sorriso nessa
noite
Quero esse seu olhar sobre mim
Iluminando minhas trevas
Sei que estás distante
Mas tu podes me destinar
Sua atenção
Aí eu ficarei encantado
Contigo em mim
Bem próxima
Sorrindo
Me olhando
Convicta de que suas retinas
Não ficarão exaustas. (24/02/14)
Comercial
Quem te disse Berenice
Que poesia é tolice?
Quem te disse Berenice
Que minha poesia é mesmice?
Quem te disse Berenice
Que o silêncio qualifica a burrice?
Quem te indagou Berenice
Para que indagasses Berenice?
Deixaste uma indagação Berenice
No final do comercial
A qual motivou esse poema
Não sei se ficou legal
Destino –lhe esse meu dilema. (05/09/13)
Foi por ti que eu clamei
Foi por ti que eu clamei
Quando a solidão me invadiu
Foi por ti que eu clamei
Quando fiquei no deserto
Foi por ti que eu clamei
Quando fiquei sem pátria
E sem idioma
Foi por ti que eu clamei
Quando meu olhar ficou obsceno
Vendo o que havia além dos teus pelos
Foi por ti que eu clamei
Quando me faltou a palavra certa
Para concluir um poema
Foi por ti que eu clamei
Quando meus pés ficaram fincados no riacho
Ignorando a jornada por fazer
Foi por ti que eu clamei
Quando desejei retornar às terras dos meus ancestrais
Foi por ti que eu clamei
Quando me disseram que minha cabeça
Seria ofertada em uma bandeja aos meus desafetos
Foi por ti que eu clamei
Quando acordei assustado
Entendendo que tudo foi apenas um sonho ruim. (4/0913)
Cantiga
Para Milton Carlos
Acordei com sua voz nos meus
ouvidos
Cantando uma cantiga
Que não caiu no meu
esquecimento
Uma lágrima loira
Abriu caminhos no meu rosto
E foi morrer na mágoa do mar
O caminho ficou aberto na
minha face
Acomodando as brincadeiras do
vento. (27/08/13)
Bipartire
O tempo passou entre nós
Nos deixou suas marcas
Suas leis
Um abismo se fez
Entre mim e ti
Para que nossos caminhos
Nunca mais se cruzassem. (13/08/13)
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Lirismo despudorado
Estou
farto do lirismo comedido *
Que
me venha o lirismo despudorado
Me
sondar a alma
Escorrer
nos meus versos
Fazendo-se
poesia
Esticando-se
no varal
Que
se alonga pela cidade
Que
esse lirismo despudorado
Me
liberte
Invada
as casas
Os
campos
Dançando
no ar
Se
ocultando nas narinas
Das
mocinhas católicas
Que
me depreciam aos sábados.
Verso
inicial de Manuel Bandeira * (08/11/13)
Raízes do silêncio
Calaram-se as vozes *
Findou-se a vez
Findou- se outros atos
Vigora o silêncio no recinto
O que não foi dito
O que se quer dizer
Ficou por dizer
Ficou fazendo barulho
Na quietude imposta
Pela omissão... (01/11/13)
Verso inicial de Francisco Carvalho *
Pedido
Mulher, deixa- me sonhar contigo*
Acate esse meu pedido
Sendo sempre um vocativo
Oportuno aos teus ouvidos
Mulher amada,vem para os meus sonhos
Não te arrependerás
Estarei sempre contigo
Embora não esteja comigo. (04/11/13)
Verso inicial de Luciano Maia *
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