Recordo teus dedos correndo nos meus cabelos brancos
Recordo teu corpo se inclinando sobre mim
Recordo tua boca com aquele batom
Recordo o beijo que não nos demos
Recordo o tempo passando entre nós
Recordo teus abraços matinais
Recordo teus cabelos ao vento
Recordo nossas mãos tão próximas
Recordo nossos olhares
Recordo minha fala nos teus ouvidos
Recordo os fonemas do teu sorriso
Tecendo a linguagem dos nossos dias
Recordo que o fim de tudo nos alcançou
Deixando-me distâncias e memórias tuas.
sábado, 12 de março de 2022
Quaresmal
Piedade li escrito na parede
O sangue escorria sobre as palavras
Que diziam compaixão
Não havia corpo no pé do muro
Apenas dois rastros correndo
Ouvi-os gritando:
- Vai embora!
Não deixei nem o tempo passar
E fui-me. (10/03/20)
O sangue escorria sobre as palavras
Que diziam compaixão
Não havia corpo no pé do muro
Apenas dois rastros correndo
Ouvi-os gritando:
- Vai embora!
Não deixei nem o tempo passar
E fui-me. (10/03/20)
Ilusão de sexta-feira
Era uma mosca azul, asas de ouro e granada
Voava sobre mim
Insistia em rondar meus ferimentos
Eu insistia em expulsá-la
Entre mim e ela se estabeleceu uma luta
Quase sem fim
foi-se o dia
Veio a noite
E lá estava ela tentando vencer-me
Ficamos exaustos
Ela pousou na minha mão
Enquanto se deslizava nas linhas das minhas palmas
Lia meu destino de mortal.
Eu insistia em expulsá-la
Entre mim e ela se estabeleceu uma luta
Quase sem fim
foi-se o dia
Veio a noite
E lá estava ela tentando vencer-me
Ficamos exaustos
Ela pousou na minha mão
Enquanto se deslizava nas linhas das minhas palmas
Lia meu destino de mortal.
O primeiro verso é de Machado de Assis
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