sábado, 12 de fevereiro de 2022

Voz do reino



estou no trono
trono de merda
trono de louça?
louça da Celite?
trono cinza de merda
merda cotidiana
afirmo
dou fé. 

poema da continuidade



faz escuro mas eu canto
um canto de resistência
tu dormes no ventre da terra
mas as tuas vestes brancas nos iluminam
fazendo-se sol da América Latina
faz escuro mas eu canto
mesmo em tempo de trevas
e a tua poesia se ergue diante de nós
orientando a nossa voz no ar
que o vento leva para onde deseja
faz escuro mas eu canto
para seguirmos de mãos dadas
fazendo valer só a verdade.

O verso que se repete é de Thiago de Mello 

Aos nossos olhos



que não fique comum esse gesto
que não seja natural esse acontecimento
que tudo seja estranho
nos espante
que tenhamos voz para criminalizar
que sejamos a justiça que falta
para que nada seja banal
aos nossos olhos.

Destino



amar
desamar
lembrar
esquecer
enquanto vivo
enquanto sofro
enquanto busco
enquanto encontro
enquanto finco os pés
na terra prometida. 

Nesse poema



vi seu olhar
seu olhar viu-me?
levou-me como lembrança?
vi seu olhar
olhos grandes e verdes
vi seu olhar
e nem pensei em nada
mas agora nesse poema
recordo-o nos meus versos.