minha desgraça não é ser poeta
é não ter uma moto para conduzi-la pela cidade
minha desgraça não é ser poeta
é ter um poema para ti quando desejas um diamante
minha desgraça não é ser poeta
é ser tantos que nem sempre se compartilham
minha desgraça não é ser poeta
é estar próximo do que
escrevo e distante do que desejo
minha desgraça não é ser poeta
é me deitar sempre só no meu leito de palavras
minha desgraça não é ser poeta
é não encontrar ouvidos que me ouçam
minha desgraça não é ser poeta
é suar sobre palavras e não ser digno do pão
de cada dia
minha desgraça não é ser poeta
é não conseguir o que eu mereço
com os versos que eu deito no teu corpo
minha desgraça não é ser poeta
é a certeza de me encontrar com a indesejável das gentes
e não ter um
poema para me defender.(13/12/16)
O verso que se repete é de Àlvares de Azevedo