sábado, 3 de setembro de 2022

Até o fim da viagem



ela é negra como a noite

vi-a ontem

o ônibus em movimento

nossos corpos em repouso

vi-a ao meu lado

li seu rosto

li tanto sofrimento

vi seus olhos molhados

ou eram os meus?

olhei-a sem ter uma palavra para ela

num silêncio dolorido.

Sempre



sobre duas rodas
eu vou
eu me levo
eu regresso
sobre duas rodas
sob o sol matinal
conduzo meu corpo
conduzo minha bike
na longa estrada
sobre duas rodas
veículos apressados passam por mim
minha vida sempre por um triz
exposta ao tempo que passa.
exposta a morte sempre de plantão. 

De qualquer ponto



sobral e seus prédios
sob o céu
sob o sol
que sobra
sobral e seus prédios
que não arranham o céu da extensa urbe
sobral
sob o céu
sob o sol
de qualquer ponto
de vista.