segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cobrança


para Joyce mesquita

Sua voz abandonou meus ouvidos.

Seu cheiro abandonou minhas narinas.

Não conheci seu corpo

talvez seja por isso

que não lhe cobro muito

e lhe ofereço uma memória

tão pequena.

Denodo


A Inocêncio de Melo Filho


As bocas falam o que não querem.
Dos ouvidos presume-se que não ouçam.
Mas o poeta com seus óculos de ver o invisível
Ostenta desavergonhada forma
De contorcer a compreensão de outrem.
Desvirtua a realidade,
Desfaz os grandes feitos
E brinca de maneira que mortal nenhum jamais ousaria.
Não que seja um deus ou demônio malfazejo,
É antes um pequenino que vive eternamente a sua infância.

Manoel Messias

Domado

Perdi meu tempo

Mas a vida ainda reina em mim

Orientando caminhos

Que se fazem nas minhas veias

Domadoras da fúria

Do meu sangue. (20/07/10)

Visita



Todos os ventos me visitam.
Deslizam-se nas linhas das minhas mãos
decifram dizeres dos meus ancestrais.
Procuro compreendê-los na ventania
que se vai para onde desconheço
deixando quietas as páginas dos meus livros.

Aos meu mortos



Não me esqueço dos meus mortos.
Vejo-os governando o mudo.
Aprendo seus ensinamentos.
Se me falhar a memória
recorrerei ao tempo
para que ele volte mais lúcido
e restaure tudo que há em mim.

domingo, 5 de setembro de 2010

Instantes




Para Marcela Reichelt

A bailarina dos meus sonhos
dança nas trevas
quando ela se desnuda
seu corpo me ilumina
e suas mãos percorrem-me em silêncio
para que eu não acorde. (05/08/10)