quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Poema ofegante II


sob o sol
ofega
a afegã
sob a burca
uma mulher conspurcada
pela mão
pela ideologia
do seu algoz
vejo os olhos da mulher
a burca entristece - os
olho - a indo sob tantos tecidos
tecendo distâncias pelo caminho.  

Poema ofegante I



burca na terra
burca sob o sol
mulher emburcada?
a vida embutida na burca
mulher com burca vive
mulher sem burca morre
pode-se emborcar a burca?
mulher com burca é conspurcada
Sob o sol
sobre a terra
ofega
a afegã vence o algoz
insubmissa a burca.  

Para ficar


Não venha mais deitar seus olhos sobre os meus
Não venha mais se ocultar no meu corpo
Não venha mais se esticar nas linhas dos meus versos
Não venha mais tatuar suas memórias nas minhas costas
Não venha mais molhar minha face com suas lágrimas
Não venha mais pelos meus caminhos diletos
Não venha mais comer meu falo e minha fala
Não venha mais iluminar minhas trevas
Não venha mais me deixar insone
Não venha mais se não for para ficar.