terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Do tempo






O tempo destrói os retratos na parede

O tempo destrói as confidências nas gavetas

O tempo destrói os olhos do poeta

O tempo destrói os corpos ciosos

O tempo destrói os lençóis

O tempo destrói o vento

O tempo destrói o clamor dos homens

O tempo destrói as palavras

O tempo destrói o mar e os navios

O tempo destrói o cais

O tempo destrói o silêncio

O tempo destrói a toga da justiça

O tempo destrói a barba do profeta

O tempo destrói as vestes de Lúcifer

O tempo destrói o próprio tempo...

Um comentário:

  1. Reparo que a poesia flui toda vez que falamos do tempo, é como se ele, na verdade, se deixasse falar... será que a sina destruitiva está para a poesia?

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