sábado, 9 de abril de 2022

Quaresmal



Piedade li escrito na parede
O sangue escorria sobre as palavras
Que diziam compaixão
Não havia corpo no pé do muro
Apenas dois rastros correndo
Ouvi-os gritando:
- Vai embora!
Não deixei nem o tempo passar
E fui-me. (10/03/20)

Inominável


depois desse gesto
depois desse silêncio
depois disso
depois daquilo
tu me vens enfeitado de índio
não te olhas no espelho da coerência?
fincaste cruzes sobre cadáveres
assassinaste a fauna e a flora
choro quando contemplo a Amazônia
a miséria que plantaste neste país não te comove?
pedidos de impeachment se avolumam
o desejo de vê-o longe dos poderes se agiganta
mas tu vens e vais como se nada tivesse feito
mas tu vens e vais como um fantasma
és tortura
és tirania
e amanhã será um novo dia
que seja sem a tua presença
que a utopia e o sonho possua a todos nós.

Para Ela


Nossa senhora é minha

e eu sou dela

por isso só penso nela 

de manhã e até depois da tardinha


Nossa senhora na gruta

quando vou lá ela me escuta

a gruta lá do boqueirão

fico perto da santa ao findar o estradão.


Volto pra casa cantando

pedalando minha bicicleta

com uma nova fé brotando

na minha alma de poeta. 

Oh rio Acaraú!!



Águas novas
Águas velhas
Novos cheiros
Velhos cheiros
Esgotos da cidade
Nessas águas
Nesses cheiros
Do Rio Acaraú
Esse convívio antigo
Vai chegar ao mar?
Essas águas
Esses esgotos
A cidade
E esse convívio antigo
Dormem e acordam
No teu leito
Oh Rio Acaraú!