quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Se fosse

Se tudo fosse permitido
eu beijaria a tua boca
Se tudo fosse permitido
eu andaria  nu pelas ruas
lendo meu poeta dileto
Se tudo fosse permitido
eu jogaria no ar meu excesso de realidades
Se tudo fosse permitido
eu caminharia sob a tua sombra
Se tudo fosse permitido
eu teria a tua nudez real no meu corpo
Se tudo fosse permitido
eu não teria amarras
Se tudo fosse permitido
eu sepultaria a razão com suas lógicas
Se tudo fosse permitido
eu seria a minha própria lei
no vigor da permissividade. (30/08/16)


Armadilha

de amanhã não passa ela me disse
veio o novo dia
veio o tempo
e sua promessa não se confirmou
ficou no ar a tua voz
que não me deixa esquecer o teu sorriso
e a armadilha que tu és. (13/09/16)


Meus dias de mortal

eu sou aquele que procura as flores
como se beija-flor fosse
eu sou aquele que procura as flores
antes do vento
eu sou aquele que procura as flores
que se destinaram ao abandono
eu sou aquele que procura as flores
enquanto o tempo não passa
eu sou aquele que procura as flores
que guardam o teu cheiro
eu sou aquele que procura as flores
possuidoras do teu silêncio
eu sou aquele que procura as flores
da cor dos teu lábios
eu sou aquele que procura as flores
para enfeitar o luto que de mim não sai
eu sou aquele que procura as flores
para deitá-las no teu jazigo
eu sou aquele que procura as flores
por não ter mais o que fazer
nos meus dias de mortal. (26/09/16)


O verso que se repete é de Sânzio de Azevedo


Sob a tua luz



Lua Clara
Tuas fases entre linhas
Vão se entortando
Fazendo-me ver o mapa da tua geografia
Não duvide deste poeta
Meu olho cego ver
Sob a tua luz
Meu olho cego já leu a mão de Paulo Freire
Já seguiu o andor de uma santa
Na voz de Chico César
Lua Clara
Sempre nova
Meu olho cego ver
E ler
Deixe-o na tua mão
Vivo sob a tua luz
Não o destine ao teu gatinho de estimação. (31/10/16)

Pesadelo

vi a namorada do meu filho
pendurada pelo pé num armador
um lençol cobria-lhe a nudez
ela sorria
meu filho tinha o mesmo sorriso
uma voz dizia-me puxe o lençol
afastei-me
meu filho puxou o lençol
e a sua namorada até hoje
ninguém sabe por onde ela anda.(27/11/16)



Do nada

do nada surges
eu a acolho nos meus braços
tento ficar nos teus olhos postos em mim
meu olhar mirado na tua boca
deseja-a tanto
nem sabes
nem vais saber
do nada surges
desapareces depois de seres tudo
na metafísica (in)completa das nossas vidas. (29/11/16)


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dívida



Beije-me enquanto vivo
Enquanto sinto
Enquanto sei
Palavras não as quero
Teu amor também  não
Deves-me um beijo
Enquanto vivo
Enquanto sinto
Enquanto sei. (23/09/16)

Uma sacada

Resultado de imagem para sagarana



Saca

Rosa

Saga

Ana

Com

Mais

Um

Fonema

Sagarana. (24/10/16)




O beijo


Resultado de imagem para beijo



teu beijo não alcançou o meu  rosto
alcançou o ar
caiu no meu ouvido
ficou lá ecoando memórias
do beijo que de fato me deste. (17/09/16)




Um desejo







"tem chão que quer ser janela"
quer abrir-se para que passe o vento
e o olhar que espera
"tem chão que quer ser janela"
para que a paisagem passe
sem se findar
"tem chão que quer ser janela"
para ver o que só mulher ver
"tem chão que quer ser janela"
para velar o sono da bela mais bela
da cidade pequena
"tem chão que quer ser janela"
por estar exausto de ser terreno baldio
"tem chão que quer ser janela"
para mudar de rotina
"tem chão que quer ser janela"
para morrer de outro jeito
"tem chão que quer ser janela"
para não ficar sob os pés
com tantas idas e vindas
"tem chão que quer ser janela "
mas nem um desejo cai sobre ele. (02/10/16)

Como há




Como és linda

Linda és

Mas não como

Como você não há

Como há

Quem coma. (24/10/16)









Para sempre




Para o amigo poeta -sacerdote Osvaldo Chaves




Celebro minha missa seca todos os dias

Deito meus mortos no meu altar

Destino minha homilia a minha solidão

Enquanto o vento brinca nas páginas do livro santo

E os meus mortos diletos guardam minha voz

Nos seus ouvidos atentos

Celebro todos os dias sem hóstia e sem vinho

Sem o corpo e o sangue de Cristo

Minha missa seca por demais espiritual

No templo que ficou em mim

Tecendo uma liturgia

Porque sou sacerdote para sempre. (09/10/16)





































sábado, 1 de outubro de 2016

No meu trono

Sento-me no meu trono cinza
Ouço meu filho de pé
Ele se vai
Eu fico à Rodin como se pensasse
E penso
Eu fico a entender como se entendesse
E entendo
Sentado no meu trono cinza
Em silêncio
À Rodin
Sobre merdas. (21/07/16)


Pelo fundo da agulha

. Mt 19-24

Pelo fundo da agulha
Passa o olhar da costureira
Com a linha molhada de saliva
Passa a luz do dia
E o clarão da lamparina anunciando a noite
Pelo fundo da agulha
Passa a fala do profeta com as ordens de Deus
Passa o teu corpo nu
Com o teu cheiro dileto
Só não passa a fúria do teu pai
Na companhia das lágrimas da tua mãe. (16/08/16)


Se fosse

Se tudo fosse permitido
eu beijaria a tua boca
Se tudo fosse permitido
eu andaria  nu pelas ruas
lendo meu poeta dileto
Se tudo fosse permitido
eu jogaria no ar meu excesso de realidades
Se tudo fosse permitido
eu caminharia sob a tua sombra
Se tudo fosse permitido
eu teria a tua nudez real no meu corpo
Se tudo fosse permitido
eu não teria amarras
Se tudo fosse permitido
eu sepultaria a razão com suas lógicas
Se tudo fosse permitido
eu seria a minha própria lei
no vigor da permissividade. (30/08/16)


Minha pátria




A minha pátria é onde está meu coração
A minha pátria é onde oculto meu tesouro
A minha pátria é a língua da flor na boca do beija-flor
É a flor do Lácio no laço entre fitas
Prendendo os cabelos da moça dos meus desejos
Que pátria real tenho diante dos meus olhos!!
Tão amada
E nada me dar
Nem um aceno. (09/09/16)




Pela vida inteira



pelo sim
pelo não
pelo
pela
pele
leveza do pelo
maciez da pele
por um triz
num corpo
sem talvez
nem para sempre
pelo sim
pelo não
não toco um instrumento
que outras mãos me toquem
pelo pelo
pela pele
tecendo a canção deste dia
na minha vida inteira. (15/09/16)



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Bela croata





















Nas tuas distâncias fui esquecido
Nas minhas saudades és lembrada
Bela croata
Minha voz não te alcança
Poemas se avolumam para ti
Nem sabes
Não há de lê-los longe de mim
Nas tuas distâncias
Sem memórias minhas. (26/07/16)


Tua nudez






















Tua nudez veste-me de encantos
Minha alma desnuda não quer ver a tua
Ela quer é silêncio
Ela quer é fazer linguagens
Arar o solo do teu corpo
Detalhar metáforas entre as tuas pernas
E gozar ao findar a labuta. (12/08/16)

No retrato

























No retrato estás nua
Deitada com a bunda pra cima
Desejas-me boa noite
Fazendo cair teus olhos azuis
Nos meus exaustos olhos castanhos. (16/08/16)




Como se fosse



A minha pátria é como se fosse pátria
é como se fosse minha ou tua
é esse certo/incerto
corpo subjetivo na língua
íngua na virilha
grito suspenso no ar
proclamando o fim do silêncio
expondo minha intimidade na flor do Lácio
na flor que levas entre as pernas
guardando segredos nos lábios. (19/08/16)






Vozes de setembro

chegou setembro
neste mês os homens usarão vestes brancas
e se dirão poetas
recitarão aos ventos seus estatutos
cada estatuto de cada homem será uma oração
há qualquer hora do dia
para espantar o luto que se faz no país
fica decretado que a justiça será justa
e o povo irá às ruas em estado de paz de mãos dadas
com coragem para lutar se preciso for
fica decretado que o hino nacional não sairá dos lábios dos oprimidos
fica decretado que o hino nacional não reinará entre os corruptos
fica estabelecido que povo pode tudo por ser o poder emanador
constituído e legitimado
fica estabelecido o direito ao sonho e a esperança
por toda a vida de homens e mulheres deste solo
justificando em suas existências que não há mal
que dure pra sempre. (01/09/16)


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Garota do shopping IV






















Minha garota que é um manequim
Ficou exausta de me esperar
Foi-se com outro
Que tinha poemas nas linhas das mãos
E se dizia poeta. (14/07/16)



Mormaço de um novo tempo



Faz escuro
Deito palavras nas linhas dos versos
Carentes de um poema
Faz escuro
E meu canto ondeia no ar
Faz escuro
E eu luto com palavras
Faz escuro
Neste tempo Temeroso
Faz escuro
Mas eu vou me aquietando
Na luz do teu olhar
Faz escuro
Mas tudo reparto
Até a solidão
Faz escuro
No país todo
Juntemos os nossos olhares
Neste novo dia
E o sol saltará dos nossos olhos
Sendo a luz que nos falta. (10/07/16)

Em juízo

Penso, logo minto.
Gaguejo
Sondas tudo
Deixas-me sem saída
Com a paródia
Entre os dentes
Tentando fazer-se verdade
Nos meus lábios. (09/12/13)

Verso inicial de Reynaldo Damazio


És poesia

Vendo-te assim tão formosa
deixo a poesia falar
deixo que ouças meu silêncio
deixo que seus encantos escorram
nas linhas dos versos
que ainda não são meus
vendo-te assim tão formosa
nem digo que sou poeta
porque tu és a poesia
que eu  desejo  encontrar
no meu leito de palavras... (06/12/13)

O verso que se repete é de Adaucto Gondim


Labor

olho muito tempo o corpo  de um poema
deito-o em várias posições
faço-o andar
fico a vê-lo sumir na estrada
tomara que outros olhos
lhe destinem sua atenção
tomara que outras vozes
se apossem dele
fazendo-o ondear no ar. (05/12/13)


Verso inicial de Ana Cristina Cesar 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Garota do shopping I




Ela é um manequim
Andamos pelo shopping
Minha mão se acomoda em sua cintura
E ela me dá toda sua atenção
Nem dá ouvidos aos chamados que lhe destinam
Umas vozes gritam por Creusa
Outras tantas por Priscila
Essa pequena me endoidece
E a todos do seu convívio
Por ser Creusa para ninguém
E Priscila para todos
Mas ontem foi ela quem perdeu a cabeça
Ao ver-me caindo nos olhos da sua prima. (30/04/16)


Oh pasárgada

Passa
Pasárgada
Traga-me prostitutas bonitas
Para eu namorar
Não careço de alcalóide
A cerveja me basta
Pasárgada, passe por aqui
Demora-te aqui
Enquanto passas
Oh pasárgada!!  (08/05/16)


Não vais me escutar

 Aos tempos Temerosos


Orei a ti
Não me escutaste
Minha oração se fez cantiga
Não a escutaste
Por isso pouco durmo
E não consigo acordar calado
Persisto orando a ti
Quando fico exausto canto
Faço-me teu filho enquanto te chamo aos gritos:
-pai, afasta de mim este cálice
Vejo-o tão cheio
Tão pesado
Tão desobediente
Diante dos meus olhos crentes
Que tu não vais me escutar. (18/05/16)

Teu olhar




Quando eu encontro teu templo aberto
Adentro-me
Ajoelho-me diante de ti
Doem-me  os joelhos
Reitero minhas súplicas
Não faço barulho aos teus ouvidos
Tu não me dizes nada
E eu me vou satisfeito
Porque o teu olhar caiu no meu. (05/06/16)



Trovas


Trova I

Ouço a cigarra cantar
Uma dor que não é só nossa
Até quem não está a amar
Sente-se na fossa.



Trova II
A cigarra que fico a escutar
É o meu filho a cantar
Sua voz ecoa por toda a casa
Voa alto como se tivesse asa.



Trova III

Vi uma ruiva saltitando
Seu encanto cativou meu olhar
Fiquei no meu canto só olhando
A bela jovem se aproximar.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Em plena luz





um harém de sombras dançam nos meus olhos
fecho-os
abro-os novamente
o harém de sombras  dançantes continuam
fazendo trevas sobre mim
penso na luz dos teus olhos grandes
mas tu não estás aqui
encontro um livro com teu cheiro
aproximo-o das narinas e me vou sem abrir os olhos
como se eu estivesse em plena  luz. (25/04/16)


Corte ao golpe







eu faço corte ao golpe
que tu deitas entre as pernas
eu faço corte ao golpe que não sara
eu faço corte ao golpe sem ponto sem nós
eu faço corte ao golpe que sangra
eu faço corte ao golpe
que tu dizes que é só meu. (16/04/16)




In memorian

 




Puta
Emputa
Há tempos
Emputece
No tempo que há
No bordel que há
Nas suas memórias
De puta ardente
De um vigor
Que não volta mais. (16/09/13)




Companhia






Ela lava roupas
Afagando-as
A sujeira se desfaz
Enquanto suas cantigas
Fazem-lhe companhia
Na solidão do quintal. (14/07/13)

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Boi morto







Morre o boi 
morre o ruminar
morre o sonho
morre o dia
chega a noite
que cai sobre o boi morto
ocultando-o sobre o solo. (27/11/13)


Verso inicial de José Paulo Paes 

Seus seios





Seus seios uma pérola merecem 
Digo isso as minhas mãos
Que se deslizam neles
Digo isso ao meu coração que se inquieta
Digo isso a mim mesmo e fico triste
Por nada poder lhe ofertar
Porque não tenho trono
Nem cetro
Pois sou um andarilho
Que se aquietou nas suas terras
Por ser cativo do seu amor.  (18/11/13)


Verso inicial de Emily Dickinson 

Verso alheio/minha poesia







Todo mundo precisa de beijo
Este verso me inclui 
Nesta sua afirmação
Verso real
Verso alheio
Por ser alheio
A mim não pertence
Apenas a poesia. (13/11/13)

Verso inicial de Chacal 




Sonho




















Ontem sonhei que uma fada 
Velava meu sono
Beijou-me no rosto
Deixando um sinal de beleza
Na minha face contrita
Que se alegrou ao amanhecer. (12/11/13)

Verso inicial de Martins d'Alvarez 



sexta-feira, 1 de abril de 2016

Troca






Ela me trocara por um Blackberry
Não esmurrei os móveis
Chorei para que minhas lágrimas
Afogassem no solo minhas lembranças
Chorei para me esvaziar de ti
E me fui sobre as águas
Crendo encontrar um novo amor
Nas ilhas dos amores. (21/06/14)
Verso inicial de Rafael Rocha/Alberto Continentino 

Contemplação




Olho-me no espelho
Não sou mais sereno
Não sou mais jovem
Perdi meu olhar dileto
Minha face não oculta que tudo passou.
Um novo tempo habita meu corpo
Convicto da transitoriedade. (27/10/12)



Hora do almoço



É hora do almoço
Habito a mesa solitária
Não há mais gritos nem comandos
A mesa farta não faz mais sentido
Todos se espalham pela casa com suas farturas
Na hora do almoço
E a mesa larga que fique na cozinha
Com suas memórias
De tempos que não voltam mais. (09/0912)



O rosto do meu relógio





















Olho o rosto do meu relógio
O tempo passa sem amarras
Há vida entre números e ponteiros
A morte alcança-a sem álibis em todos os lugares
Olho o rosto do meu relógio
Ouço tua voz
Leio os teus lábios
Fonemas ficam no ar
Não caem nos meus ouvidos
Estás nas tuas distâncias
E eu a olhar o rosto do meu relógio.

terça-feira, 1 de março de 2016

Eu sou uma lenda
















Eu sou uma lenda disse isso hoje
Aos transeuntes da minha cidade
Eu sou uma lenda gritei aos ventos
Enquanto andava pelas tuas ruas
Oh princesa do norte!
Eu sou uma lenda
Não li isso em nenhuma profecia
Não há profecias sobre mim
O que há são convicções de um poeta
Que um dia serão lidas e escutadas
Porque o vento não as repetirá
Aos ouvidos desatentos. (20/12/15)




Pelo mundo








Já não há mãos dadas pelo mundo
Há indiferença
A distância se tece em tudo
Abro a janela e olho a rua
Tudo deserto,solidão em tudo
Sinto saudade da minha mão na tua
Por onde ficou nossas andanças?
Onde encontro nossas conversas?
Concluo minhas indagações
E me vejo ao teu lado
Estás sozinha
Estou sozinho
Nossas mãos não se alcançam mais
Nossos corpos planejam desencontros
Porque agora tudo se entrega à solidão. (15/02/16)


O primeiro verso é de Carlos Drummond de Andrade




Quase oração








Não pertenço a tua trindade
Sabes que sou pecador
Por isso me deixe cair em tentação
Por isso me deixe seguir devotamente
As belezas que me caem nos olhos
Deixe-me seduzir ou ser seduzido
Poupe-me a dor da indiferença
Porque a solidão não me pesa nos ombros
O que me curva é o peso do tempo
E o teu olhar fingindo que eu não existo . (17/02/16)




Isso ou aquilo







os ombros do poeta suportam o mundo
os ombros do poeta suportam a mulher exibida
os ombros do poeta suportam Itabira,seu ferro e seu aço
os ombros do poeta suportam o sol
os ombros do poeta suportam as fúrias do vento
os ombros do poeta suportam a inquietude do mar
os ombros do poeta suportam a cidade do Rio de Janeiro
os ombros do poeta suportam o tempo
os ombros do poeta suportam as leis da gravidade
os ombros do poeta suportam seus dias de pedra
numa urbe de muitas dores e muitos desamores. (26/02/16)




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Acontecimento








Vais embora sem dar-me um sinal
Nem um aceno quando estiveres distante
Cairei no teu esquecimento
Eu que fique a lembrar como cruzavas as pernas
Pondo em evidência a tua coxa com teu sinal
Feito tatuagem sobre tua pele
Na qual mirava meu olhar
Acumulando memórias tuas nas minhas retinas.(15/12/15)








Voltei a sonhar
















Voltei ao sonho meu amor
Mas tu és impossível
Voltei a voz de Chico Buarque
E a cidade cá embaixo se estica
Além do meu olhar
Canto e essa voz não é minha
Ouço Chico rindo com minha voz
E a canção?
Ainda sonho e tu estás nas tuas distâncias
O que cantei ficou no ar
Um passarinho canta o que cantei
O disco findou
Agora o silêncio caminha pelo meu sonho
Seus rastros alcançam meus ouvidos
Acordo com fonemas no canto da boca.(04/01/16)


Tuas mãos







Para Melissa Paiva


minha musa é branca
seus cabelos vão ruivando o dia
e a leveza das suas mãos
e os seus dedos longos e finos
ficaram na minha memória
ficaram nas linhas das minhas mãos
tão pesadas de tantos sofreres
tão desprovidas das delicadezas
que se foram com as suas mãos. (14/01/16)









Ao saudoso poeta José Alcides Pinto








Foste embora sozinho naquela manhã
Não levaste a pequena varredora
Nem a mulher de preto que me mostravas nos teus escritos
Teu paletó branco onde andará?
Não o vejo no cabide
Não o vejo entregue às vadiações do vento
Quando lhe indago se te verei novamente
Ele ri nos meus ouvidos e me responde:
-nunca mais. (21/01/16)


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Tantas senhoritas







Encontro pela vida tantas senhoritas
Todas lindas de endoidecer
Penso até no que não presta mas é bom
Umas me querem como pai
Outras aceitam o poeta que há em mim
E outras tantas não querem nada
Nem a poesia que lhes destino. (16/12/15)


Paraíso do consumo








Ando pelo shopping consumindo e sendo consumido
Minhas sacolas de desejos pesam
Dói- me os ombros
As pernas estão exaustas
Sento-me
Descanso-me junto as sacolas
Mulheres belas ou não desfilam próximas a mim
Sondando nas suas almas e nas vitrines suas vontades
Propondo realizá-las
E o tempo passa entre minhas sacolas
Não o sinto passar pois estou a rir de duas mulheres
Que afagam o pomo- de- adão de um jovem
Não estou a rir das carícias pois as desejo também
Rio do rapaz exibindo sua saliente laringe
Às mão afetuosas das Evas do paraíso do consumo. (25/12/15)

Tuas palavras





São as tuas palavras na minha boca*
Nos meus versos
Na minha poesia
São os teus rastros no meu caminhar
Tua sina na minha
Tua voz nos meus ouvidos
E a palavra se transfigura entre nós
Fazendo-se nova
Buscando outros rumos
Que desconhecemos. (08/11/13)



Verso inicial de Pablo Neruda *

Desejo







Quero comer teu pé como uma intacta amêndoa*
Tenho-o nas mãos
Meus lábios dançam sobre ele
Minhas narinas se deslizam
Na pele deliciosa do teu pé
Que mantenho próximo à boca
Decidida dos seus desejos. (24/10/13)

*verso inicial de Pablo Neruda


Ósculo






Deixei um ósculo no seu rosto
Dizendo que eu voltaria
Ficaste a desenhar sentimentos
Em uma folha de papel
Que resistia às vadiações do vento. (28/09/13)