domingo, 4 de outubro de 2009

Notícia do JN


Antonio Olinto morreu.

Eu não o conhecia .

A morte fez-me conhecê-lo.

Por que não o conheci em vida?

Indago aos mortais.

Cabia a mim saber de sua existência,

afirmo ao meu ser.

Que mídia falhou em sua missão de informar?

Andei desatento e não a ouvi

gritar-me nos ouvidos?

Como pode um escritor viver 90 anos

sem que eu o perceba?

Indago,sim indago

pois sou um homem de letras

e ordeno que a angústia impere em mim.

Parceiros


Meu pai e seu chapéu são dois parceiros,

quase que inseparáveis.

Quando um descansa na rede

e o outro no cabide,

nota-se a recíproca dor

patrocinada pela saudade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Súplica


Liberte-me da servidão que lhe dedico

Minha poesia precisa seguir seu destino,

Descobrir novos corpos, novos encantos...

O que lhe digo agora, já disse a outras musas,

estou reiterando gestos,palavras,sentimentos

do domínio do universo.

Deixe-me ir musa amada.

Deixo-lhe belos poemas estampados no seu leito

e nos tecidos da sua memória.

Guarde-os são seus para todo o sempre.

ponha seu melhor sorriso para esta ocasião.

preciso destinar-me.

Destinar-me é preciso.

Tu sabes disso.

Deixe-me ir musa amada,

se não me libertares a lua intercederá

por mim entre os mortais.(03/09/09)

Crença


Para Luiziane Lins

Leio sua boca

Contemplo a luz dos seus olhos

Sua voz aproxima-se de mim

Reiterando minha crença

Na realização dos seus desejos. (29/12/04)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Opção


Leio Pablo Neruda

enquanto os homens lotam os bares

embriagando seus abdômens.

Ouço suas falas

que alcançam o ar sufocado.

pela fumaça nicotinada.

Teceiro dia

Ergo-me diante de ti

Com a rigidez de um túmulo

Abatido pela ação do tempo

Sem sorriso para exibir.(25/011/06)

Gestação

Guardo na boca palavras para um poema

Que não quer chegar

Se o poema não chegar

Onde despejarei as palavras ansiosas

Que me incomodam os dentes?

Profecia II

Quando a terra saciar-se de sua fome

Viveremos e morreremos entre cadáveres fétidos

Que servirão de solo aos pés dos errantes

O vento vadiará debaixo do céu

Carregado de memórias.(12/04/97)

MOTIVO


Sou poeta porque tenho vários eus.

Sou poeta porque minha história

é mais bonita do que a do gauche itabirano.

Sou poeta porque tansfiguro coisas comuns

em coisas imprescindíveis.

Sou poeta porque meu destino é sísifico.

Sou poeta porque transcedo.

Sou poeta porque sempre que desejo

Vou à passárgada amar as mulheres que desejo

Sou poeta porque isso é o que sou.

Sisifismo


Meu professor de português é um sujeito simples

E composto de decência

Ainda se conduz na sua bicicleta

Identificando objetos diretos e indiretos

Por onde passa.

Reconhece-os bem e ergue os verbos

Deixando-os escorrer nas linhas das suas mãos

Transfigurando-os em transitivos

Nos períodos que edifica nas ágeis pedaladas

Que o farão chegar,ele sempre chega

E a flor do Lácio floresce entre nós

Exalando o cheiro inicial da sintaxe

Do tempo dos mortais.

Conceito


Educar é semear saberes no ar

no solo fértil e infértil.

O tempo da colheita virá

e as mãos ditosas do mestre

aguardarão com ânsia e ternura

o nascimento do trigo e do joio. (09/01/98)