domingo, 1 de janeiro de 2017

Até findar

Já fui barco,fui navio
Vivo dessas memórias
Quem as quer ouvir?
Falo-as ao vento
Não sei onde elas vão parar
Minha fala há de se reiterar
Até findar minha inutilidade. (24/11/16)

O primeiro verso é de Ariano Suassuna



Minha desgraça

minha desgraça não é ser poeta
é não ter uma moto para conduzi-la pela cidade
minha desgraça não é ser poeta
é ter um poema para ti quando desejas um diamante
minha desgraça não é ser poeta
é ser tantos que nem sempre se compartilham
minha desgraça não é ser poeta
é estar próximo  do que escrevo e distante do que desejo
minha desgraça não é ser poeta
é me deitar sempre só no meu leito de palavras
minha desgraça não é ser poeta
é não encontrar ouvidos que me ouçam
minha desgraça não é ser poeta
é suar sobre palavras e não ser digno do pão
de cada dia
minha desgraça não é ser poeta
é não conseguir o que eu mereço
com os versos que eu deito no teu corpo
minha desgraça não é ser poeta
é a certeza de me encontrar com a indesejável das gentes
e não  ter um poema  para me defender.(13/12/16)

O verso que se repete é de Àlvares de Azevedo



Sem mim

olhei nos teus olhos ao me aproximar de ti
teus cílios longos negros
fizeram me ver um caminho
no qual vais sem mim
sem meu fardo de palavras
na leveza da tua juventude.(20/12/16)





Enquanto finda o ano

Finda o ano
Coleciono tragédias
Mas ainda estou aqui
Sinto-me vivo
Humano?
O que sei é que sou grato
E ainda há muito por fazer
Por mim e por ti
Finda o ano
Ouço fogos
Gritos lá fora
Estou aqui
Sinto uma festa em mim
Enquanto finda o ano. (31/12/16)

Pelo teu ser



















Vendo as tuas costas nuas
Penso em poesia
Indago onde finda o caminho
Que me exibes na tua coluna vertebral
Penso na poesia do percurso
Ida e chegada
Imagino não saber de nada
Para avolumar em mim
O que conheço/desconheço
Das minhas andanças pelo teu ser. (25/12/16)