quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Proposta


















Lua lâmina afiada
Não corte ao meio o olhar do poeta
Deixo-ir levando-te nos olhos
Com sua luz
Iluminando suas trevas.

(Ir)ene
















Irene se foi mas não morreu
Foi-se porque desejou
Continuar entre os mortais
Significando em outras paragens
Irene se foi sem me avisar
Foi-se sem meu desejo
Foi-se para fazer valer a sua vontade
Foi-se Irene viver indo
Sua sina de batismo nominal. (29/11/14)




Transeunte























A bunda
Abunda
No olhar faminto
Do transeunte
A bunda
Desbunda
Diz enigmas
Ao olhar faminto
Do transeunte
A bunda
Segue seu rumo
O olhar faminto do transeunte
Fica na esquina
Sem decifrar os enigmas
Ditos
Bem ditos. (21/12/14)

O poeta está só























Para Mário Gomes

O poeta está só
Não duvido
Sigo sua solidão pelas ruas
Vejo seus ombros
Já não suportam o mundo
Vejo o tempo fazendo-se peso
Nas suas costas
Vejo seu cansaço buscando repouso
Qualquer lugar lhe repousa o corpo
Sua alma onde repousará?
No colo da poesia?
Nas nádegas das ninfas?
Ou nas memórias que lhe acompanham?
Só sei que o poeta está só
Seguindo sua sina
Entre os mortais
E as indagações se tecem em tecidos
Que o vento leva em silêncio. (30/12/14)