quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aviso






Espere-me morrer
Para que possas festejar
Bater nas latas
Cantar
Dançar...
Não me importarei
Mas antes
Espere-me morrer... (23/04/13)


Hora do almoço




É hora do almoço
Habito a mesa solitária
Não há mais gritos nem comandos
A mesa farta não faz mais sentido
Todos se espalham pela casa com suas farturas
Na hora do almoço
E a mesa larga que fique na cozinha
Com suas memórias
De tempos que não voltam mais. (09/0912)

Um corpo que cai






Um corpo que cai
Corpo de mulher
Corpo branco desconhecido
Uma navalha afiada desce do céu
Desenha no corpo branco que desconheço
Flores pálidas que se avermelham
Diante dos meus olhos
Um corpo que cai
Do céu?
Do décimo quinto andar?
Um corpo que cai
Vejo-o
Choro sobre ele
Desboto as flores desenhadas
E me vou pela rua deserta. (28/07/12)

Espera















Vejo sua barriga crescendo perseguindo o tempo
Que lhe faz esperar
Vejo seu ventre tecendo outra pessoa
Em boa linhagem
Vejo seus pés desenhando sombras
Nos caminhos por onde passas
Sigo-lhe tentando decifrá-las
Imagino seus pés nas minhas mãos
Imagino-me lavando-os
Para que sigas em paz
Levando apenas o peso da sua gestação. (17/03/13)