quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Bela croata





















Nas tuas distâncias fui esquecido
Nas minhas saudades és lembrada
Bela croata
Minha voz não te alcança
Poemas se avolumam para ti
Nem sabes
Não há de lê-los longe de mim
Nas tuas distâncias
Sem memórias minhas. (26/07/16)


Tua nudez






















Tua nudez veste-me de encantos
Minha alma desnuda não quer ver a tua
Ela quer é silêncio
Ela quer é fazer linguagens
Arar o solo do teu corpo
Detalhar metáforas entre as tuas pernas
E gozar ao findar a labuta. (12/08/16)

No retrato

























No retrato estás nua
Deitada com a bunda pra cima
Desejas-me boa noite
Fazendo cair teus olhos azuis
Nos meus exaustos olhos castanhos. (16/08/16)




Como se fosse



A minha pátria é como se fosse pátria
é como se fosse minha ou tua
é esse certo/incerto
corpo subjetivo na língua
íngua na virilha
grito suspenso no ar
proclamando o fim do silêncio
expondo minha intimidade na flor do Lácio
na flor que levas entre as pernas
guardando segredos nos lábios. (19/08/16)






Vozes de setembro

chegou setembro
neste mês os homens usarão vestes brancas
e se dirão poetas
recitarão aos ventos seus estatutos
cada estatuto de cada homem será uma oração
há qualquer hora do dia
para espantar o luto que se faz no país
fica decretado que a justiça será justa
e o povo irá às ruas em estado de paz de mãos dadas
com coragem para lutar se preciso for
fica decretado que o hino nacional não sairá dos lábios dos oprimidos
fica decretado que o hino nacional não reinará entre os corruptos
fica estabelecido que povo pode tudo por ser o poder emanador
constituído e legitimado
fica estabelecido o direito ao sonho e a esperança
por toda a vida de homens e mulheres deste solo
justificando em suas existências que não há mal
que dure pra sempre. (01/09/16)